A afetividade na relação educativa

Abstract

Este artigo tem como foco a afetividade na relação educativa. Nos documentos científicos e governamentais analisados, a afetividade é considerada importante para a aprendizagem escolar. Apesar disso, constata-se que a dimensão afetiva parece ser negligenciada tanto na prática educativa dos professores do ensino fundamental, quanto nos currículos dos cursos de formação docente no ensino superior. Na busca de explicação para o problema, analisamos as características dos professores em exercício no Brasil, a falta de inter-relação entre os aspectos cognitivos, emocionais e afetivos e a insuficiência de obras relativas à afetividade na relação educativa. Apontamos, como conclusão, que os formadores devem discutir a possibilidade de buscar um equilíbrio entre a dimensão afetiva e a cognitiva no currículo dos cursos de formação de professores.

Aspectos psicodinâmicos e adaptativos do professor na relação com seus alunos do primeiro ano do ensino fundamental em escolas da rede pública: um estudo exploratório

“…Tal aspecto parecia também ficar evidenciado na estrutura física, com portões de ferro sempre fechados. Na presente pesquisa, além de atitudes agressivas, encontrou-se também o distanciamento afetivo e a falta de espontaneidade, configurando uma falta importante de um aspecto considerado favorável, benéfico, para a relação professor-aluno e para o aprendizado e desenvolvimento emocional da criança (CURBY; RIMM-KAUFMAN; PONITZ, 2009;DOUMEN et al, 2011;KIM, 2008;LEITE, 2008;MACARINI;MARTINS;VIEIRA, 2009;MELO;SILVARES, 2010;O´CONNOR, 2011;RIBEIRO, 2010;RUDASSIL, 2011;TAVARES,2005). Além disso as professoras expressaram sentir-se despreparadas para lidar com aspectos afetivo-comportamentais de seus alunos, bem como terem dúvidas em relação ao seu papel nesta área da educação, que não a área pedagógica, corroborando com o exposto por Araújo, Sperb (2009) e Ribeiro (2010.…”

“…Estudos mostram que a afetividade é mais negligenciada pelos professores de níveis de ensino mais avançados, onde então a relação de poder é mais exacerbada, bem como os aspectos cognitivos são mais valorizados. (RIBEIRO, 2010) A relação dos jovens com os objetos de conhecimento, no processo de aprendizagem são determinadas em grande parte pelas relações afetivas estabelecidas com seus mediadores, sejam pais ou professores (CURBY; RIMM-KAUFMAN; PONITZ, 2009;LEITE, 2008;MELO;SILVARES, 2010;RUDASSIL, 2011). Em pesquisas realizadas no Ensino Infantil e Fundamental, observou-se a importância que as crianças atribuem para os aspectos afetivos da relação professor-aluno, "...o comportamento do professor em sala de aula, através de suas intenções, crenças, seus valores, sentimentos e desejos, afeta cada aluno" (LEITE, 2008, p.28).…”

“…Considera-se neste contexto muito importante a preparação do professor de Educação Infantil para cuidar de seus alunos, pois as experiências vividas nesta fase serão precursoras da vida acadêmica futura do aluno (KIM, 2008;RUDASILL, 2011;TAVARES, 2005). A ausência de afetividade aparece como um dos principais fatores que causam dificuldades de aprendizagem (RIBEIRO, 2010).…”

Aceitação e rejeição de alunos por seus professores em diferentes níveis escolares

“…Ao se explicar os comportamentos do aluno (sejam acadêmicos, sociais ou emocionais), podem-se considerar, por exemplo, suas características sociais, biológicas e psicológicas; os aspectos sociopolíticos da educação; o processo ensinoaprendizagem; o relacionamento entre os alunos; ou a relação professor-aluno (Hamre, Pianta, Downer, & Maschburn, 2008;Del Prette, Paiva, & Del Prette, 2005;O'Connor, 2010;Pianta & Walsh, 1996 O professor tem deixado de ser apenas o transmissor de informações e vem passando a apresentar um papel cada vez mais complexo e amplo, construindo os conhecimentos junto aos alunos e, deste modo, adquirindo a importante função de possibilitar aos estudantes que integrem, no processo de aprendizagem das disciplinas, os aspectos cognitivo, afetivo e a formação de atitudes (Henklain & Carmo, 2013;Ribeiro, 2010). Compreende-se, a partir disso, a importância do estudo das interações que a criança estabelece no contexto escolar, especificamente com seus professores, os quais representam -juntamente com os pais e com os colegas -os principais agentes socializadores dos alunos (Del Prette & Del Prette, 2001;Howes, Hamilton, & Matheson, 1994;Merritt, Wanless, Rimm-Kaufman, Cameron, & Peugh, 2012).…”

“…O relacionamento professor-aluno com menos prestação de cuidados, menos apoio e conflitos mais intensos e frequentes compromete o ajustamento escolar do aluno, aumentando as chances de repetência, de desistência da escola e de apresentação de atitudes escolares negativas, menor engajamento e menor cooperação em sala de aula, além de dificultarem o processo de aprendizagem de crianças com dificuldades (Baker, 2006;Birch & Ladd, 1997;Galanaki & Vassilopoulou, 2007;Murray, Murray, & Waas, 2008;Ribeiro, 2010). Estudos apontam que os alunos apresentam um desempenho significativamente menor nas matérias em que os professores os veem como sendo destrutivos, desatentos e que raramente terminam as tarefas, quando comparado a outras matérias (Dee, 2005), sendo que crianças com um relacionamento professor-aluno marcado pelo conflito e pela dependência recebem notas mais baixas que os demais alunos (DiLalla, Marcus, & Wright-Phillips, 2004).…”