A fibromialgia juvenil (FMJ) é uma doença de caráter crônico ou recorrente, pouco reconhecida na faixa etária pediátrica. No entanto, destaca-se entre as doenças reumáticas devido ao impacto negativo na qualidade de vida das crianças, dos adolescentes e das suas famílias. O seu tratamento é complexo e os medicamentos habitualmente utilizados para o controle da dor musculoesquelética, como os analgésicos e os anti-inflamatórios não hormonais, têm pouca eficácia, além dos efeitos adversos já conhecidos pelos pediatras (1,2) . A busca das melhores evidências para o tratamento da FMJ tem mostrado que são obtidos bons resultados nos casos em que os pacientes são avaliados e tratados por uma equipe multiprofissional, composta por médicos, fisioterapeutas e psicólogos, entre outros (3) , com envolvimento dos pacientes e seus pais. Dentre as modalidades terapêuticas, destacam-se a prática regular de exercícios aeróbicos (4) (que deve ser fortemente estimulada) e a psicoterapia cognitivo-comportamental (5) . Outras técnicas classicamente utilizadas para o controle da dor podem ser aplicadas em alguns pacientes, com resultados promissores. Dentre elas, destacam-se a acupuntura, o biofeedback, além de técnicas especializadas em dessensibilização, ainda pouco difundidas em nosso meio (6)(7)(8) . Na publicação pioneira de Dias et al (9) , são descritos os resultados obtidos por meio do seguimento regular de pacientes com FMJ tratados por acupuntura -método milenar e tradicional da medicina chinesa. Nesta série de casos, os autores observaram uma melhora significativa da dor musculoesquelética, mensurada por escalas de dor e pelo número de pontos dolorosos. Além do benefício direto da acupuntura na dor, não foram observados efeitos adversos, o que é um ponto muito importante por se tratarem de pacientes com idades entre dez e 18 anos, em plena fase de crescimento e desenvolvimento.A pesquisa em acupuntura apresenta um desafio metodológico. Enfrentam-se obstáculos de caráter científico, como a formação de um grupo placebo adequado, uma vez que se estuda o efeito da inserção de agulhas. Escolher um método para simular o agulhamento sem a penetração da pele (para não interferir no objetivo do estudo) é fundamental. Outro obstáculo é a impossibilidade de realizar estudo duplo-cego, uma vez que o médico acupunturista saberá se o paciente recebeu ou não o agulhamento. A seleção do grupo a ser estudado é também motivo de discussão, pois, na acupuntura, opta-se pelo tratamento do paciente com seu consentimento juntamente com o de seu responsável. Cabe destacar que no estudo de Dias et al (9) , tais aspectos éticos foram respeitados.A acupuntura é uma modalidade da Medicina Tradicional Chinesa que surgiu há mais de 5.000 anos. Foi considerada como especialidade médica pela Associação Médica Brasileira, em 1995, com a realização da primeira prova de título para a especialidade em 1999. Está inserida no Sistema Único de Saúde desde 1988. Baseia-se na hipótese de que a energia (Qi) circula pelo corpo em canais ou meridianos. Se esta ener...