Objetivo: O presente estudo busca elucidar as influências sociais e de políticas públicas sobre o sofrimento de cuidadoras, a partir de uma perspectiva ético-política. Método: Esta pesquisa é de natureza qualitativa. Foram conduzidas entrevistas semiestruturadas com dez cuidadoras informais. Todas as participantes são mulheres e possuem vínculo familiar com as pessoas das quais cuidam. Os dados coletados foram analisados com base no conceito de sofrimento ético-político. Resultados e Discussão: O sofrimento ético-político de cuidadoras é marcado pela desigualdade de gênero, quando da divisão das tarefas de cuidado. O Estado, que aparece como coadjuvante na execução de suas políticas públicas, ao se desresponsabilizar pelo cuidado à saúde de pacientes domiciliados, impõe às cuidadoras um papel que deveria ser seu. Ainda assim, a subjetividade das participantes floresce em meio à exclusão, sendo perpassada por gratidão, indignação, solidão, esperança e frustrações. Considerações finais: O estudo aponta para a necessidade de criação de políticas públicas que considerem aquilo que as cuidadoras têm a dizer sobre sua situação, as responsabilidades do Estado e o sofrimento ético-político que marca essa categoria.