Transtorno alimentar e construção de si no relacionamento profissional-usuário

Abstract

O entendimento da Anorexia e Bulimia Nervosa como entidades psicopatológicas legitima algumas versões de si que se impõem aos usuários dos serviços de saúde. O objetivo deste estudo foi compreender de que maneira os diferentes posicionamentos das pessoas diagnosticadas com esses transtornos alimentares constrangem a construção de seus relacionamentos com os cuidadores profissionais. A perspectiva construcionista social fundamentou esta pesquisa. Usuários de um serviço de assistência em transtornos alimentares foram entrevistados individualmente. A análise do material mostrou como o diagnóstico cumpre papel fundamental e, por vezes, único na definição de quem é a pessoa atendida. O conceito do "ser relacional" foi ofertado para que os profissionais de saúde possam pensar a possibilidade de desenharem novos cenários relacionais com o usuário, de modo a incluir a noção de self como movimento, e não estabilidade.

produção científica sobre transtornos alimentares na área da psicologia

“…Verificou-se que na maioria dos resumos era definido o tipo de delineamento dos estudos, sendo eles transversais e qualitativos (Goulart & Santos, 2012;Ornelas & Santos, 2016;Santos et al, 2014;Santos et al, 2016;Scorsolini-Comin et al, 2011;Souza & Santos, 2012;Souza & Santos, 2013a;Souza & Santos, 2013b;Souza & Santos, 2014a;Souza & Santos, 2014b;Souza & Santos, 2015). Entende-se que no restante dos artigos (Cardoso & Santos, 2012;Gonzalez et al, 2014;Nicoletti et al, 2010;Pedrosa & Teixeira, 2015), mesmo que em seus resumos não estejam explícitos, os pesquisadores utilizaram-se de pesquisa qualitativa.…”

“…al., 2014;Goulart & Santos, 2012;Santos et al, 2014; Scorsolini-Comin et al., 2011;Souza & Santos, 2013a;Souza & Santos, 2013b;Souza & Santos, 2014a;Souza & Santos, 2014b) ou seus familiares(Nicoletti et al, 2010;Ornelas & Santos, 2016;Santos et al, 2016;Souza & Santos, 2012), buscando entender os percalços e as implicações que o transtorno ocasiona.Com relação aos estudos que consideraram as vivências das pessoas com TAs, o tema mais frequente foi referente à relação estabelecida entre o paciente/usuário do serviço de saúde e os profissionais que o atendem(Souza & Santos, 2013a;Souza & Santos, 2013b;Souza & Santos, 2014a;Souza & Santos, 2014b). Por exemplo, o estudo de Souza e Santos (2014b) a construção de si mesmo a partir do discurso de pessoas acometidas por TAs participantes de um grupo de apoio psicológico.…”

Significados do Abandono do Tratamento para Pacientes com Transtornos Alimentares

“…Estudos têm identificado elementos que são essenciais para que o relacionamento entre profissional de saúde e paciente seja efetivamente terapêutico, tais como confiança, compromisso, apoio, confidencialidade e atitude de não julgamento (Souza, & Santos, 2013ª;2015). Tal relacionamento tem uma dinâmica própria e recíproca, que envolve o vínculo estabelecido entre o profissional que atende e seu paciente, e por vezes sua família (Souza, & Santos, 2014). O sucesso da aliança terapêutica depende não somente de habilidades de comunicação interpessoal do profissional, mas também que ele seja capaz de construir uma relação de confiança com o paciente, sendo que a confiabilidade, bem como o respeito, não são atributos aprendidos, mas con-quistados com perseverança e dedicação & Santos, 2013a& Santos, , 2013b.…”

Escolha da profissão e especialidade por médicos de um serviço de transtornos alimentares

“…Para compreender em que contexto se dá a escolha do médico por se especializar na área dos TAs é preciso conhecer quais são as bases clínicas do tratamento, que pode ser realizado em regime ambulatorial e, em alguns momentos, exige internação hospitalar (Campana et al, 2012;Silva & Santos, 2006). O plano terapêutico envolve a oferta de ações sustentadas e coordenadas por equipe interdisciplinar, cuja organização básica é constituída por médico (clínico geral, nutrólogo, psiquiatra), psicólogo e nutricionista (Souza & Santos, 2014.…”