Um olhar sobre o corpo: o corpo ontem e hoje

Abstract

O entendimento dos sentidos construídos para o corpo na actualidade requer uma caminhada, ainda que breve, pela história, pela forma como o corpo foi pensado e sentido. Deste modo, neste ensaio em torno do tema do corpo, propomos pensar nalguns aspectos sociais e culturais, que contribuíram para a construção do corpo na nossa sociedade, a forma como ele tem sido e pode ser olhado e representado.

O processo de tomada de decisão da mulher obesa pela cirurgia bariátrica: uma abordagem compreensiva

“…É por meio do corpo que se expressa o efeito e os significados que as relações tiveram ou têm nos sujeitos. A existência corporal é perpassada por um contexto relacional e cultural, sendo este o canal pelo qual as relações são construídas e vivenciadas (67) .…”

“…Esse corpo está inscrito na vida cotidiana, no universo das relações sociais, sendo um meio de comunicação que utiliza a corporeidade -signos ligados à linguagem, gestos, entre outros -na relação com o outro. Produz sentidos que representam a sua cultura, desejos, afetos, emoções e o seu mundo simbólico socialmente construído (67) .…”

O olhar de si e do corpo: sujeitos em discurso sobre cirurgia bariátrica

“…Conforme os estudos de Barbosa et al (2011, p.26), o corpo passa a ser fonte de pecado, era considerado uma "prisão da alma, era pois um vexame, devia ser escondido". No período feudal, Barbosa et al (2011) apontam que o corpo passa a ter representação na vida cotidiana, isto porque características corporais como altura, peso e cor da pele eram determinantes para o trabalho do homem na sociedade da época. Além disso, ainda na Idade Média, o corpo passa pelo viés do controle, pois funciona como representação de punição (Foucault, 1975(Foucault, /2012, como forma de mostrar à população as formas de sentença dos réus, ocorrida através da inquisição, em se tratando dos hereges, ou pela morte de mulheres consideradas envolvidas com bruxaria (Barbosa et al, 2011).…”

“…Nesse mesmo período, o corpo feminino estava diretamente ligado, ou deveria estar, à vida religiosa (Barbosa et al, 2011), de modo que a igreja influenciava diretamente nas relações sociais, desde a moral até à vida familiar (Cassimiro, Galdino & Sá, 2012). Nesse ínterim, encontramos as mulheres denominadas madonas, corpos cobertos, considerados sagrados, modelos de mãe com a criança no colo, trata-se da valorização da maternidade associada ao culto da Virgem Maria (Braga, 2005).…”

“…Desta forma, segundo Barbosa et al (2011), esta relação entre produção e consumo contribuiu para a diminuição da qualidade do corpo do homem, de modo que, com a ajuda das mídias da época, fotografia, cinema e televisão, estes corpos idealizados não ficavam mais restritos aos desenhos e pinturas, resultando no aumento do mercado de produtos e serviços veiculados à "representação da beleza estética associada a determinados ideais de saúde, magreza e atitude" (Barbosa et al, 2011, p. 29).…”