“…As testemunhas e/ou os envolvidos são chamados várias vezes para depor. Para a criança que sofreu abuso sexual isso pode ser penoso, prejudicial e até mesmo tornar-se sem sentido, dado o tempo decorrido, como se observa neste exemplo: [...] De acordo com a literatura revisada, em diferentes momentos e contextos, as crianças são chamadas para repetir sua versão, que geralmente é confrontada com a versão do agressor que, por vezes, é ouvido ou questionado na presença da criança, repassando a responsabilidade total a ela, gerando sua exposição ou uma não proteção (Brito, Ayres & Amendola, 2006;Daltoé-Cezar, 2007;Dobke, 2001). Conforme Sanderson (2005), a criança sente-se culpada inadequadamente, o que gera riscos para seu desenvolvimento e para a validade do seu testemunho, pois, dependendo como a inquirição for realizada, ela pode retirar a acusação da violência sofrida (Azambuja, 2006;Daltoé-Cezar, 2007;Dobke, 2001).…”