O geógrafo Manuel Correia de Andrade foi um profundo conhecedor da Geografia científica e prestigiado em várias áreas das ciências sociais em todo o território nacional. Segundo esse autor, há enorme contribuição nas concepções de Joaquim Nabuco, principalmente na obra O Abolicionismo, a qual – revestida de denúncias da realidade socioeconômica e territorial do país no período oitocentista –, tem potencial para ser enquadrada como saber geográfico. Nesse sentido, o presente artigo teve como objetivo, refletir a atualidade sociogeográfica do pensamento de Nabuco (2019 [1883]), a partir de pressupostos apontados por Andrade (1977; 1988; 1991; 1999; 2007; 2008). Os procedimentos metodológicos pautaram-se em pesquisa bibliográfica e documental. Também se empregou a hermenêutica como recurso à investigação dos textos que tratam do tema, o que permitiu a compreensão e interpretação do conteúdo central. Os principais resultados obtidos demonstraram que Joaquim Nabuco apresentou um conjunto de obras de grande relevância para os estudos históricos, sociológicos e geográficos do Brasil, principalmente ao discorrer sobre as bases do processo de construção da sociedade brasileira, enquanto uma nação inacabada, situando os escravizados como os protagonistas dessa feitura. Outrossim, os problemas apontados por Nabuco, naquele período, são ainda recorrentes na contemporaneidade, corroborando a hipótese levantada por Manuel Correia acerca da atualidade desse intérprete brasileiro.