O estatuto do consumo na compreensão da lógica e das mutações do capitalismo

Abstract

Embora o consumo se apresente como fundamental para a compreensão do modo de funcionamento do capitalismo contemporâneo, não é assim que ele tem sido abordado do ponto de vista da teoria social. É certo que já há um campo de estudos sobre o consumo advindo da sociologia, da antropologia e dos estudos culturais, porém, são estudos que focam mais nos modos de vida, na formação cultural, nos significados, normas e valores associados aos usos das mercadorias, do que propriamente no papel central que o consumo tem na realização do valor para o capital. Este artigo pretende contribuir para reverter esse gap ao propor um retorno à abordagem marxista acerca do lugar do consumo no processo de expansão do valor. Assumindo a posição central que o consumo tem para a realização do capital, e partindo da análise dialética do capitalismo como movimento e contradição, o artigo busca elucidar as principais mutações na cultura de consumo que ocorreram a partir do final da década de 1970, culminando com as transformações oriundas da terceira revolução tecnológica - a informática. Propõe que as duas principais formas que assumiu o capitalismo em fins do século XX - o financeiro e o imaterial - operam fundamentalmente a partir do consumo; assim como revelam as mutações e as contradições do capitalismo na contemporaneidade.

Trabalhador-consumidor: a atração de jovens pelo employer branding na escolha profissional

“…Consumption gains another dimension that has not yet been sufficiently explored (FONTENELLE, 2014) in labor or employment relationships. An example of this is that work and consumption become intertwined and it is impossible to separate work time from non-work time (LAZZARATO and NEGRI, 2001).…”

“…An example of this is that work and consumption become intertwined and it is impossible to separate work time from non-work time (LAZZARATO and NEGRI, 2001). Work also becomes consumption in immaterial capitalism (FONTENELLE, 2014), being therefore the "plenitude of abstract work" (OLIVEIRA, 2003). The Internet, for example, amplifies this phenomenon and clearly begins to include the possibility of consumers co-participating in the new product creation processes of companies (ARVIDSSON, 2005(ARVIDSSON, , 2006(ARVIDSSON, , 2008.…”

“…The intern prosumer: the producer-consumer of the employer brand company There is involvement, a possible connection between employer branding, the desire to consume the brand and the prosumer perspective (FONTENELLE, 2014(FONTENELLE, , 2015bRITZER, DEAN and JURGENSON, 2012); in other words, the desire to consume the employer brand company involves the worker's production-consumption that goes beyond the contractual hours of his/her workday and his/her compensation. The key element of this concept -prosumer -is that the worker does not necessarily see this as a bad thing, but as something that adds to their résumé; something that updates them and keeps them in the job vacancy circuit of employer brand companies.…”

“…(CÓRDOVA, 2016;FONTENELLE, 2014FONTENELLE, , 2015aFONTENELLE, , 2015bRAMASWAMY, 2004a, 2004b;TOFFLER, 1980); the consumer as value producer (CHERKOVSKAYA and LOAKER, 2016;DALE, 2012;FONTENELLE, 2015a), especially by way of the Internet (RITZER, 2014); ethical economy (ARVIDSSON, 2010;ARVIDSSON and PEITERSEN, 2013); immaterial labor (GORZ, 2003;LAZZARATO and NEGRI, 2001) and voluntary work (PEARCE, 1993), or free labor (ANDREJEVIC, 2013;HESMONDHALGH, 2013;TERRANOVA, 2003). While there are authors who point to the countless positive aspects of these new work formats, by which the consumer is brought into the very center of value creation based on co-creation processes (BOTSMAN and ROGERS, 2011;PRAHALAD and RAMASWAMY, 2004b), there are also critical perspectives that indicate the intense exploitation of workers based on prosumption (COMOR, 2010a(COMOR, , 2010bFONTENELLE, 2014;GORZ, 2003;LAZZARATO andNEGRI, 2001, 2015a). This perspective, which deals with the relationship between work and consumption, also includes discussions about employer branding (EB).…”

Consumo, Dinheiro e Diferenciações Sociais: Ditos de Jovens em uma Pesquisa-Intervenção

“…Se o consumo é ou não derivado inequivocamente da produção capitalista e se constitui um fenômeno moderno anterior mesmo à Revolução Industrial são questões que encontram diferentes respostas no campo dos estudos do consumo, como assinala Fontenelle (2014), que aborda um ponto basilar: a par das transformações produtivas, econômicas, urbanas, entre outras, o estabelecimento de uma cultura do consumo só foi factível a partir de uma revolução nas mentalidades. Essa -ocorrida quando as identidades já não eram mais tributárias de um lugar fixo e arbitrário ocupado na sociedadeque criaria condições para alguém acreditar "que era possível 'ser outra pessoa' apenas por usar um vestido que sugeria uma conexão com a foto da duquesa X" (Fontenelle, 2014, p. 221).…”