om certeza, o movimento feminista das últimas décadas veio dar um significativo impulso às pesquisas sobre a mulher e sua problemática no mundo contemporâneo. Estudos e reflexões sobre a mulher não são recentes nos escritos de filósofos, teólogos, pedagogos, médicos, juristas, como demonstra a vasta bibliografia compilada por Martin-Gamero (Martin-Gamero, 1975), que registra publicações datadas desde o século XVI, que contemplam as mais diversificadas abordagens da "questão feminina". No entanto, o movimento feminista da segunda metade do século XX, ao questionar a discriminação, os tabus, os preconceitos que pesam sobre a mulher e buscar as raízes das práticas que a mantêm sob o domínio masculino, denunciou a especificidade da opressão da mulher em todas as esferas da vida tanto pública quanto privada.Invadindo os meios acadêmicos, esta abordagem foi decisiva para tornar visíveis os mecanismos que asseguram a reprodução da subordinação da mulher na família e na sociedade, mesmo no contexto da moderna sociedade urbano-industrial, na qual, deve-se reconhecer, grandes avanços já foram conquistados na desmitificação de uma suposta "essência feminina" e da naturalização da condição subordinada da mulher.Nos estudos sobre as condições de trabalho e de produção, que até então haviam privilegiado particularmente as relações e conflitos entre ca-