* CorrespondênciaCAISM-FCM-UNICAMP Rua Alexander Fleming,101 Campinas/SP CEP: 13083-881 Caixa Postal 6081 psilva@unicamp.br RESUMO OBJETIVOS. Verificar o conhecimento sobre alguns aspectos do aparelho genital feminino, da fisiologia da reprodução e sua associação com características sociodemográficas e "escolhas" reprodutivas em adolescentes gestantes. MÉTODOS. Realizou-se um estudo de corte transversal com 200 adolescentes primigestas, durante a primeira consulta de pré-natal no Ambulatório da Mulher de Indaiatuba, São Paulo. Foram feitas entrevistas face a face, com questionário estruturado e um modelo feminino tridimensional confeccionado artesanalmente para coleta dos dados. Os dados foram analisados utilizando-se os testes Qui-quadrado de Pearson, ou Exato de Fisher, e por regressões logísticas múltiplas, para verificar associações entre indicadores do conhecimento sobre anatomia dos órgãos genitais femininos, fisiologia dos órgãos e da reprodução com características sociodemográficas e "escolhas" reprodutivas. RESULTADOS. A maioria tinha conhecimento insatisfatório sobre anatomia (55,5%), com os órgãos externos sendo identificados com maior facilidade e melhor localizados do que os internos; fisiologia dos órgãos (61%); e aspectos fisiológicos da reprodução (76,5%). Algumas associações significativas foram estabelecidas entre o conhecimento e a idade dos parceiros, diferença de idade do casal, manutenção do vinculo após ocorrência da gravidez, filiação religiosa e escolaridade da adolescente. Não houve associação entre os indicadores de conhecimento estudados com a utilização de método anticoncepcional na primeira relação sexual e a intenção de ter um filho naquele momento. CONCLUSÃO. Este estudo faz emergir a complexidade da relação entre o conhecimento sobre anatomia e fisiologia reprodutivas e a temática da gravidez na adolescência, evidenciando a necessidade de abordagens mais contextualizadas dos conteúdos de programas de educação sexual, quando seu foco for a redução da gravidez precoce. No mesmo período, a taxa de fecundidade entre adolescentes de 10 a 14 anos foi duplicada, enquanto que a fecundidade de mulheres adultas apresentou uma curva decrescente sistemática e significativa. Dados do DATASUS, do período de 1994 a 1997, continuaram mostrando esta tendência, com a taxa de fecundidade aumentando de 2,0 para 3,2 em cada mil jovens entre 10 e 14 anos, e de 62,2 para 79,3 em jovens de 15 a 19 anos 2 .Quando analisados os possíveis fatores etiológicos ligados ao incremento das gestações nesta faixa etária, pode-se perceber a sua complexidade, que aponta para uma rede multicausal que torna as adolescentes especialmente vulneráveis. No Brasil, assim como em muitos outros países, o índice crescente de gravidez na adolescência representa um problema social e de saúde pública, devido às repercussões biológicas, psicológicas e sociais que podem ser acarretadas nesta faixa etária 3,4 . O fenômeno é verificado especialmente, mas não exclusivamente, na população de baixa renda, por causa das condições de vid...