século XX, houve uma série de iniciativas para a criação de espaços escolares no debate sobre a sexualidade dos adolescentes.1 A partir da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, 2 a escola ganha legitimidade para desenvolver projetos estruturados a partir de três blocos de conteúdo: a) corpo -matriz da sexualidade; b) relações de gênero; e c) prevenção a doenças sexualmente transmissíveis (Aids) em todo o território nacional.De acordo com Bozon, 3 o fato de a escola ter sido privilegiada como local ideal para o debate sobre a sexualidade pode estar ressaltando que parte das atitudes sexuais a serem questionadas tem origem no meio familiar. Ocorre um deslocamento do privado para o público de forma que uma tarefa antes circunscrita à família passa a ser entendida como função social da escola.Alguns fenômenos sociais tiveram papel fundamental nessas mudanças de representação: a eclosão do movimento feminista, as mudanças observadas no comportamento sexual dos adolescentes, o aumento das taxas de natalidade entre os adolescentes e a Aids passaram a exercer influência significativa nos campos da saúde e da educação.A partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais, as atividades que eram pensadas como educação sexual passaram a ser classificadas como orientação sexual. Não se trata somente de uma alteração terminológica. A mudança está relacionada à teoria e à metodologia envolvidas nos projetos. No momento da formulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, educar para a sexualidade foi considerado um ato agressivo e delimitador de comportamentos, enquanto orientar tornou-se sinônimo de oferecimento de noções amplas e impessoais acerca da sexualidade humana. O objetivo era fazer com que os estudantes percebessem o caráter plural das vivências sexuais, ampliando suas possibilidades de reflexão.4 Tratase de uma classificação brasileira para os debates sobre sexualidade na escola que inclusive gera algumas polêmicas devido ao uso do mesmo termo em outros contextos de pesquisa em sexualidade, com significado mais próximo à "opção" sexual.5 Mantenho a expressão não somente pela sua presença nos Parâmetros Curriculares Nacionais, mas por fazer parte do vocabulário dos profissionais que desenvolvem projetos de orientação sexual no sistema municipal de educação do Rio de Janeiro. O termo é utilizado, portanto, como categoria nativa.A orientação sexual na escola consolida-se como um conjunto de atividades que têm como objetivo ampliar o campo de reflexão dos adolescentes, sem intervir diretamente em suas escolhas. A ideia é que os estudantes Essa predileção das mulheres pelo ensino fundamental está relacionada ao modelo tradicional de relações de gênero. Vaitsman 12 percebeu que a opção feminina pelo cargo de professora primária reflete uma estratégia histórica das mulheres para permanecer, ao mesmo tempo, no mundo do trabalho e na família. É possível ser professora pela manhã, sem deixar de ser esposa e mãe durante o resto do dia, o que ameniza possíveis conflitos ocasionados pela opção feminina pelo trabalho fora ...