ResumoA participação da mulher durante o pré-natal, sua adesão às orientações e a forma como vai exercer o cuidado envolvem um conjunto de interesses e possibilidades sociais. Devido a isso, investir em formas de controle desses corpos e gerenciar como irá gestar, parir, alimentar e cuidar da criança e da família adquirem importância. Tal modo de exercer o poder sobre a vida não encontra sustentação apenas no discurso médico ou político; requer uma articulação de práticas discursivas, ensinadas e reproduzidas por um complexo social que envolve desde a mídia até os profissionais de saúde, passando pelos familiares da gestante. Este artigo surge de uma pesquisa-intervenção em que foram realizadas oficinas de conversas com as gestantes que faziam o pré-natal em um hospital filantrópico. Aqui, colocamos em análise o que é tido como norma social sobre o que é ser "boa mãe", entendendo como um dispositivo de governo das famílias.