RESUMOA Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) foi a primeira categoria de E. coli reconhecida como diarreiogênica e ainda hoje está associada a casos esporádicos e surtos de diarreia infantil. Em 1995, a EPEC foi classificada em típica e atípica e, até o momento, muito se tem pesquisado sobre as diferenças patogênicas e epidemiológicas destas duas subcategorias e sua similaridade com outras categorias. Para consolidar estas informações, a presente pesquisa avaliou 98 fontes bibliográficas, sendo 81 artigos, oito teses, quatro dissertações e cinco livros. Essa pesquisa destacou os seguintes resultados e conclusões: as EPEC típicas (EPEC-t) têm como principal reservatório os seres humanos, no entanto já foram registradas raras ocorrências em alguns animais silvestres; as EPEC atípicas (EPEC-a) são encontradas entre humanos e uma variedade de outros hospedeiros animais que podem servir de reservatório e de fonte de contaminação para o homem e o ambiente, além disso, as EPEC-a apresentam inúmeros fatores de virulência comuns e específicos de outras categorias patogênicas, sugerindo que o aumento de sua prevalência esteja relacionado ao fenômeno de interconversão; a presença da região LEE (locus of enterocyte effacement) completa (LEEA-D) e da ilha de patogenicidade nleB, nleE, set/ent), juntamente com os genes da hemolisina (ehxA) e da adesina (paa) podem auxiliar na identificação de potenciais estirpes patogênicas de EPEC-a; a identificação conclusiva de EPEC é realizada pelo diagnóstico molecular, onde se pesquisam os genes eae, EAF e stx, sendo o perfil eae+EAF+stx− de EPEC-t e o eae+EAF−stx− de EPEC-a.
INTRODUÇÃOA Escherichia coli é uma bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae, sendo amplamente distribuída na natureza, tendo como principal habitat o trato intestinal humano e animal 1,2,3,4,5 . A E. coli comensal, que faz parte da microbiota intestinal, não é patogênica e apresenta um importante papel fisiológico para o funcionamento do organismo. Existem seis categorias patogênicas de E. coli que causam infecção intestinal em homens e animais, sendo denominadas de E. coli diarreiogênicas 6 que são diferenciadas pela presença de fatores de virulência como adesinas fimbriais e afimbriais, toxinas e invasinas, e classificadas em: E. coli enteropatogênica (EPEC), E. coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli enteroinvasora (EIEC), E. coli enterohemorrágica (EHEC) ou E. coli produtora da toxina de Shiga (STEC), E. coli enteroagregativa (EAEC) e E. coli aderente difusa (DAEC) 7,8,9 .A EPEC foi a primeira E. coli descoberta em 1940 e ainda hoje é considerada a mais versátil entre as categorias diarreiogênicas e uma das principais causas de diarreia em crianças menores de 5 anos de idade 10,11,12,13 . Em 1995, a EPEC foi classificada em duas subcategorias: EPEC típica (EPEC-t) e atípica (EPEC-a). As EPEC-t são identificadas pela presença do gene eae (EPEC attaching and effacing) e plasmídio EAF (EPEC adherence factor). As EPEC-a apresentam