O presente artigo sugere uma investigação acerca do caráter “inútil” de Macunaíma, personagem central da rapsódia Macunaíma: o herói sem nenhum caráter de Mário de Andrade, publicado em 1928 e considerado a prosa basilar do primeiro modernismo (CAMPOS, 1978). A pesquisa toma como ponto de partida a formação e transformação da consciência do herói em três momentos decisivos da narrativa: a circunstância de iniciação de Macunaíma em seu mundo de origem, a circunstância da punição radical representada pela viagem à cidade de São Paulo, e a circunstância do retorno do herói ao seu mundo de origem, o “fundo do Mato-Virgem”. O objetivo, portanto, é o investigar este herói que, ao se transformar, também transforma seu modo de existir fundando-se como um “herói inútil”. Ao assumir tal “inutilidade” indispensável, Macunaíma é capaz de instaurar a dialética da consciência mítica face à consciência reificada.