ResumoPara esta análise, são destacadas as "huellas" (representações gráficas de digitais presentes na fachada do museu Sitio de Memoria, em Córdoba, Argentina) que relembram pessoas desaparecidas durante os governos militares, no século XX. Mostrando para os pedestres fatos da história política da cidade, essas intervenções têm efeitos na narrativa urbana fazendo irromper o "corpo significante" da "cidade em movimento" em suas relações com os processos de identificação do sujeito urbano (ORLANDI, 2004). Palavras-chave: Huellas; Narratividade Urbana; Efeitos de Sentido.
AbstractFor this analysis, it is detached the huellas (fingerprint graphic representations present on the façade of the Sitio de Memoria museum, in Córdoba, Argentina.) that recollect the missing people during the military governments, in the twentieth century. By showing for the pedestrians facts of the political history of the town, these interventions have effects on the urban narrative outbreaking the "significant body" of the "city in movement" in its relation with the processes of urban subject identification (ORLANDI, 2004
IntroduçãoApresentar o objeto desta pesquisa e o recorte de análise proposto para este artigo implica no reconhecimento do momento em que nós, doutorandas em Estudos Linguísticos (cujo foco dos trabalhos se encontra na materialidade e nos processos discursivos) fomos instadas a questionar o modo de textualização de sentidos a constituir uma narratividade urbana (ORLANDI, 2004) no espaço da cidade ou, como aqui se pretende pensar, uma narratividade (histórica/da História/na história revisionista) urbana, bem como pontos de deslocamento / ruptura nessa narratividadediscursividade.O momento se deu no segundo semestre de 2011, quando, após dois dias de intensas reflexões teóricas sobre a memória, em evento científico realizado em Córdoba, Argentina, saímos caminhando pelo centro histórico-comercial da cidade. Estávamos muito afetadas/inquietas pelo forte apelo "revisionista" de uma história (considerada recente) e pelo predominante discurso da História, em um espaço -pretensamente multidisciplinar -de discussão, sobre a fecundidade da memória (esta vista como um objeto teórico para os campos que constituem as ciências humanas e sociais). Um apelo que por vezes parecia fazer sobrepor Verdade/História e Verdade/Memória. As inquietações resultavam da naturalização do sentido de verdade no discurso científico pelo qual também parecia ser efeito o sujeito histórico. Com a crença na possibilidade de uma história mais justa pelo ato consciente de (re)visão do passado (para impedir pela revisão de consciência a repetição dos erros do passado como uma "revisão de consciência", ou seja, um processo que seria desencadeador de "mais" consciência acerca da realidade), esse sujeito histórico parecia se constituir a partir de uma textualização marcada por inclinações morais e por julgamentos de valor -e com valor de "reconciliação"/de verdade. E, ainda, as provas ou as evidências que permitiriam falar de outra história (pelo ato de re-v...