conclui o autor que o ato de apresentar constrói a identidade do que é representado (MARIN, 2001). Entendemos que aqui, identidade esteja sendo compreendida como a representação do real que cria uma comunidade simbólica de sentido, permitindo tanto a sensação de pertencimento, quanto da noção de alteridade. (PESAVENTO, 1999, p. 24) No campo das representações, para Marin, cada representante, compreende duas dimensões: a dimensão reflexiva e a dimensão transitiva. A dimensão reflexiva seria a apresentação de um sujeito, ou seja, a representação na sua dimensão reflexiva apresenta algo a alguém; enquanto que a dimensão transitiva seria entendida como a representação de um ausente (MARIN, 2001) 3. Nessa perspectiva, estudar as representações do Nordeste no período Vargas seria, uma busca por ferramentas que nos possibilitem entender o presente que funciona no lugar do ausente, e conseguir compreender como aquele mundo distante de sertanejos e sol à pino, era apresentado aos leitores das revistas ilustradas. Seria ainda, procurar entender as escolhas na seleção dos elementos utilizados na construção desse imaginário sobre o Nordeste, representado como, por quem e por quê. Pois, a forma como o público leitor via o Nordeste estará diretamente associada à forma como ele era dado à ver; tomando aqui por imaginário, "um sistema de e imagens de representação coletiva que os homens, em todas as épocas, construíram sobre si, dando sentido ao mundo." (PESAVENTO, 2012, p.43) Em seu artigo A História hoje. Dúvidas, desafios, propostas, Roger Chartier (1994) discute as características e os caminhos do trabalho com as representações. Apontando as "três realidades maiores" para tais estudos, Chartier conclui que, primeiramente, haveria a necessidade de compreensão das representações coletivas, "que incorporam nos indivíduos as divisões do mundo social e estruturam os esquemas de percepção e de apreciação a partir dos quais estes classificam, julgam e agem" (CHARTIER, 1994, p. 108), que corresponderia ao ato de classificação. Em um segundo momento, dever-se-ia observar, "as formas de exibição do ser social ou do poder político tais como as revelam signos e performances simbólicas através da imagem, do 3 Ao analisar a forma como Marin trabalha com o conceito de representação, Chartier, em seu Escribir las prácticas. Observa que o efeito-representação contém um duplo sentido: o de presentificação do ausente e o de autorrepresentação, que institui uma forma de verse o sujeito.