RESUMOO presente artigo analisa e compara os três paradigmas que vêm balizando a agenda da segurança no Brasil nas últimas décadas: o Paradigma da Segurança Nacional, iniciado ainda na Era Vargas e fortalecido no período da Ditadura Militar; o Paradigma da Segurança Pública, iniciado em meados da década de oitenta e consolidado com a Constituição de 1988; e finalmente o Paradigma da Segurança Cidadã, que vem ganhando espaço nas políticas públicas desde a década de 1990. O trabalho valeu-se de uma breve contextualização histórica e de pesquisa bibliográfica privilegiando o uso de artigos e livros da área de segurança pública. Conclui-se que os três paradigmas decorrem de políticas em transformação, que acompanham as respectivas relações Estado-Sociedade e se refletem na organização jurídico-penal e político-administrativo dos órgãos de segurança pública.
ABSTRACTThis article analyzes and compares the three paradigms that have been guiding the security agenda in Brazil in recent decades: the Paradigm of National Security, started on Vargas Era and strengthened in the period of military dictatorship; the Paradigm of Public Security, started in the mid eighties and consolidated by the 1988 Constitution; and finally the Paradigm of Citizen Security which come gaining ground in public policy since the 1990s. The work is developed through a brief historical background and literary search, mainly articles and books about public safety. It concludes that the three paradigms result of politics in transformation accompanied by State-society relations which are reflected in criminal juridic and political-administrative organizations of public security organs.
IntroduçãoPassados mais de trinta anos do fim da ditadura militar, os inúmeros problemas na área de segurança pública refletem as dificuldades de democratização das instituições formais de controle social, tais como a polícia e o Poder Judiciário. Por conseguinte, os problemas do crime e da violência são apontados como obstáculos à construção e consolidação da democracia, além de apresentarem-se como o grande desafio para a garantia do exercício de cidadania. O constante avanço da criminalidade ocorrido nas últimas décadas, aliado à ineficácia das ações preventivas, bem como do aparelho repressor estatal, colocam em xeque o papel do Estado como pacificador de conflitos, refletindo-se, por vezes, numa sociedade orientada pela cultura do medo e da insegurança 1 . A superação desse quadro demanda a construção e aperfeiçoamento de políticas públicas estruturais que devem ser articuladas nos três subsistemas normativos que compõem a grande área da segurança pública: o subsistema policial, o subsistema jurídico-criminal e o subsistema penitenciário. As ações isoladas em um ou outro setor tendem a produzir resultados de curto prazo, portanto sem maiores repercussões nas estruturas sociais ao longo do tempo. Essa articulação é tarefa bastante complexa e morosa, pois envolve atores públicos e privados dos mais diversos matizes, os quais nem sempre estão abertos à compreensão e ...