RESUMO: O megacólon resulta de lesão extensa dos plexos mioentéricos, a qual se traduz por incoordenação motora do cólon com inércia funcional e acalasia do esfíncter anal. Disso resulta duplo distúrbio, em que à dificuldade motora agrega-se o obstáculo para evacuar. Para que haja eliminação fecal é necessário que a pressão retal ultrapasse a anal, havendo um gradiente reto-anal. O objetivo do trabalho foi avaliar este gradiente em 29 pacientes portadores de megacólon, em que as pressões retais e anais foram medidas ao evacuar, comparadas com pessoas normais. Os resultados mostraram que havia pressão retal em centímetros de água aumentada em homens (72,2 ± 29,1) e mulheres (64,5 ± 20,1), superando as respectivas pressões anais de evacuação (66,4 ± 23,2 e 62,1 ± 28,7). As pressões de evacuação, por sua vez, eram muito maiores que as do grupo controle. Isto permitiu concluir haver uma reação adaptativa com maior esforço muscular para evacuar, a fim de superar o obstáculo da acalasia.
Descritores
INTRODUÇÃOAcredita-se que cerca de 4% dos doentes portadores da Doença de Chagas, sejam acometidos por megacólon. A doença inicia muitos anos após a inoculação e caracteriza-se por constipação progressiva, de início tratada com laxativos. Com a progressão da moléstia estes medicamentos tornam-se insuficientes, tendo-se de recorrer a clisteres para obter evacuação satisfatória. Neste período sobrevêm complicações, como os volvos e a formação de fecalomas. A existência delas é que leva a indicar a cirurgia como forma preferencial de tratamento.Há tempos são conhecidas as alterações fisiopatológicas mais importantes, mas não foram suficientemente divulgadas para dar uma compreensão global do problema. Assim, são descritas as lesões dos plexos mioentéricos, que afetam extensões variáveis do cólon e reto, e determinam alterações funcionais caracterizadas por hiperexcitabilidade das fibras musculares da parede do intestino e discinesia. A alteração motora determina estase por defeito de propulsão, dilatação, hipertrofia muscular e da própria víscera. Além desses afeitos, descreve-se a acalasia do esfíncter interno do ânus, que causa obstáculo à evacuação por falta de relaxamento anal no momento da exoneração. Estas alterações são de conhecimento antigo e foram descritas por diversos autores 1,2,3,4 . A evidência clínica e manométrica da acalasia levou a uma série de tentativas terapêuticas, com vári-os procedimentos cirúrgicos destinados a remover o empecilho representado pelo ânus não relaxável ao esforço de evacuação. Propôs-se tratar do distúrbio