Vida e morte do grande sistema escolar americano: como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a educação

Abstract

E m seu livro Vida e morte do grande sistema escolar americano, Diane Ravitch expõe de forma acessível e detalhada a evolução das reformas de mercado no sistema escolar dos Estados Unidos nas últimas décadas, criticando seus pressupostos ideológicos e denunciando seus resultados, que contribuíram para agravar a crise da educação pública americana.Como acadêmica e propositora de políticas inserida no aparelho de Estado, a autora analisa as reformas que ela antes endossara com entusiasmo, e que agora passa a criticar diante das evidências de seus resultados. Ravitch é pesquisadora--doutora da Universidade de Nova Iorque. Em 1991, ela aceitou o convite do então secretário Lamar Alexander para ser sua conselheira e secretária-adjunta no Departamento de Educação dos Estados Unidos. Também esteve envolvida como conselheira nos governos Bill Clinton e George W. Bush e participou ativamente de movimentos pelas referências curriculares, responsabilização e escolha escolar.A primeira edição do livro lançada no Brasil contém agradecimentos da autora, apresentação escrita por José Clovis de Azevedo e mais onze capítulos seguidos das notas com bibliografi a e do índice. No primeiro capítulo, "O que eu aprendi sobre a reforma escolar", Ravitch analisa sua trajetória profi ssional, os cargos políticos exercidos, os trabalhos acadêmicos desenvolvidos e as soluções outrora defendidas, e como ela foi retirando seu apoio das populares soluções baseadas na lógica do mercado.

O olhar dos professores da rede municipal de Marília sobre o SAREM e outras dimensões da qualidade social

“…Pelo que podemos apreender de Gentili (1995) a discussão sobre qualidade abarca diferentes significados ao longo do tempo e contradições e disputas sobre o entendimento do que seja qualidade de ensino. Para Oliveira e Araújo (2005) é difícil, mesmo entre especialistas, chegar-se a uma noção do que seja qualidade de ensino. Os autores apontam que no Brasil a qualidade de ensino foi percebida de três formas distintas.…”

As Avaliações Externas E a Educação Matemática Crítica: Conexões E Impasses

“…Essas práticas incluem aquelas denominadas de "ensino para o teste" (RAVITCH, 2011). Bonamino e Sousa (2012) e Terrasêca (2012) reforçam essa tese, salientando que a lógica competitiva pode levar à pressão dos professores para que ensinem aquilo que será avaliado nos exames externos; tem-se, no limite, a organização de todo o trabalho escolar em torno da resposta direta e imediata aos exames, sem um planejamento de melhoria que leve em consideração os efeitos sobre a aprendizagem em longo prazo.…”

“…A ideia de qualidade, neste contexto, está intimamente ligada aos indicadores numéricos, embora estes sejam passíveis de questionamentos (FERNANDES et al, 2012). Ao instituir esse vínculo e disseminar tais dados, diversos estudos (SOUSA, 2003;BROOKE, 2006;MACHADO, 2010;BONAMINO;SOUSA, 2012;FERNANDES et al, 2012;AMARO, 2013) apontam para uma série de repercussões para a Educação pública, como: a contínua desresponsabilização do Estado; a crescente responsabilização direta das escolas e seus membros, sobretudo o professor, pelo desempenho dos alunos nas avaliações externas; a competição entre escolas e o impacto em sua imagem pública, quando são ranqueadas; e até na rotina diária em sala de aula, onde muitos professores acabam adotando práticas de "ensino para o teste" (RAVITCH, 2011).…”