Resumo: Este artigo parte da hipótese de que no século XXI, as empresas privadas agem de forma a conciliar seus princípios organizacionais, "missão" (como se quer chegar), "visão" (onde se quer chegar?) e "valores" aos princípios individuais de seus membros, configurando um certo estilo de cultura empresarial. Tenho como objetivo específico compreender de que forma a "visão", a "razão de ser", e as "crenças" da Natura se configuram como diretrizes estratégicas importantes para a consolidação de um vínculo afetivo entre seus funcionários e aqueles que aspiram fazer parte desta empresa. Para isso me pautei pela análise do "Relatório Natura 2012", pelas conversas com funcionários da empresa e por minha participação no processo seletivo para trainee "Jovens Talentos Natura 2014". Como método analítico, parto, principalmente, das considerações de Mary Douglas e Pierre Bourdieu. Diante da argumentação tecida ao longo do trabalho, penso que a Natura, ao enfatizar suas crenças e a realização de seus princípios como sendo um dos seus maiores diferenciais e, ao recrutar pessoas que se adequem à sua cultura empresarial, é capaz de (re)produzir "convenções cognitivas" tanto no interior da empresa, entre seus funcionários e colaboradores/as (consultoras/es, stakeholders etc.), quanto em relação ao público externo (mercado consumidor). Entre outras coisas, concluo, a partir do diálogo com os/as interlocutores/as desta pesquisa, que as pessoas ainda buscam trabalhar em lugares onde possam aliar seus anseios enquanto pessoas (dinheiro, reconhecimento etc.) ao tipo de cultura (ou mesmo "filosofia") da empresa em que trabalham.