“…Poder-se-á dizer que o rap possibilitou a emergência das invisibilidades sociais, na medida em que, tal como Rose (1994), citado por Magubane (2006), argumenta que a música rap é a estética responsável por tornar visível o mal--estar urbano nas sociedades pós-industriais americanas, por um lado, assim como por permitir aos jovens negros guetizados criar uma forma de resposta à pobreza e à opressão a que estavam sujeitos, tal como o desemprego, a brutalidade policial, as guerras ligadas ao narcotráfico e a violência dos gangues (Kelley, 2006). É de salientar que o hip-hop, enquando um fenómeno pós-colonial (Prévos, 2001), transnacional (Kelley, 2006), glocalizado (Simões, 2010), transcultural e transurbano (Mbaye, 2011), fez emergir nos jovens dos centros urbanos africanos, em geral, e cabo-verdiano, em particular, identidades reflexivas e reflexividade estética (Pais, 2007), na medida em que reorientaram as suas identidades consoantes a sua condição social, condicionado pela modernidade impositiva (Pais, 2007), mas buscando responder a partir de uma reflexividade transformadora (Pais, 2007). Ou seja, em contextos de desigualdades, os jovens buscam identificar-se com estéticas performativas urbanas outsiders 15 , mesmo sendo percebidos inicialmente como culturalmente estranhos ao seu universo, mas com capacidades atrativas globalizantes.…”