ResumoO presente artigo contribui para o debate da dicotomia existente entre o cuidar e o educar que ainda vigora nas concepções de profissionais que atuam na creche. Enfatiza o cuidar e o educar como dimensões essenciais ao desenvolvimento de crianças de zero a seis anos de idade, exigindo um trabalho de forma planejada, com organização de espaços adequados, no sentido de estimular os processos de desenvolvimento infantil (motor, cognitivo, emocional, social). Salienta que a creche deve se configurar como lugar de interação e socialização de crianças, complementar à ação familiar, bem como ressalta a importância da formação do profissional que nela atua. Palavras-chave: educação infantil; desenvolvimento infantil; formação de profissionais.
AbstractIn the everyday life of a crèche, care providing and educating go hand in hand This article contributes towards the debate about the dichotomy between care providing and educating that continues to reign in the in the conceptions of nursery school professionals. The article emphasizes care provision and educating as being essential dimensions to the development of children from zero to six years of age. Thus, it is required that this work should be done in a planned manner, including the organization of adequate environments to stimulate the child development processes (motor, cognitive, emotional, social). The article emphasizes that a crèche must be a place where children can interact and socialize, complementing family activities. It also underlines the importance of the training received by professional staff who work in crèches. Keywords: child education, child development, professional training.O debate sobre a educação infantil encontra unanimidade ao considerar os aspectos do cuidar e do educar como dimensões essenciais ao desenvolvimento de crianças pequenas, o que tem gerado uma gama de pesquisas voltadas ao desenvolvimento humano, sobretudo o infantil, como bem apontam os estudos de Souza e Kramer (1992), Oliveira e Rossetti-Ferreira (1993), Machado (1994, Souza (1996), Oliveira (2000), Felipe (2001), entre outros. Afirma Seber (1997) que, ao contrário do que se pensava, o bebê não é uma "tábula rasa", mas é um sujeito que se constitui na interação com o meio. Graças às investigações sobre o bebê, ocorridas nas últimas décadas, como os estudos feitos por Brazelton e Cramer (1992), Klaus e Kennell (1992), Relier (1994) entre outros, foi possível afastar antigas concepções que levavam a supor que as crianças menores eram seres passivos, desprovidos de qualquer competência. Segundo Palácios (1995), as crianças não ficam apenas alternando vários períodos de sono sem a possibilidade de sua percepção estar em pleno dinamismo, e "hoje sabemos que é certo que as crianças menores passam muitas horas dormindo, mas que é certo também que seu mundo perceptivocognitivo é rico, complexo e ordenado, por mais que diste ainda das características que terá alguns meses depois" (Palácios, 1995, p. 42).Portanto, compreender que os processos cognitivos iniciam-se desde o nascim...