RESUMO: Este artigo utiliza conceitos da Teoria Crítica para analisar o ensino como ato formativo. Há um jogo de forças em contínua tensão que caracteriza esta ação humana fundamental em que se destaca a necessidade de, ao mesmo tempo, preservar e modificar. O quadro se torna mais complexo quando inserido na atual sociedade administrada, saturada de informações profusas, fragmentadas e desconexas. Eis o solo em que viceja a Indústria Cultural e um de seus produtos, a semiformação. Este conjunto de reflexões se impõe a qualquer escola que se pretenda crítica.Palavras-chave: Indústria Cultural, Educação, Ensino, Sociedade Administrada, Razão Instrumental.Como podemos facilmente imaginar e como farta documentação histórica demonstra, o ato de ensinar nunca deve ter sido simples. Quando a humanidade sentiu a necessidade de formar as novas gerações, inserindoas no mundo que estava sendo construído pelo trabalho e pela linguagem, a imitação direta da cotidianidade adulta pelos jovens foi sendo substituída pela instrução, pela transmissão consciente de ensinamentos. A escrita cumpriu, então, desde essas primeiras épocas, papel crescentemente fundamental ao lado da palavra falada. E nesse novo ambiente, a escola, um impasse se instala: como preservar o que estava construído com a necessidade de prosseguir modificando? Como combinar num mesmo ato a adaptação e a superação? Como conciliar um ato que se destinava a preservar as conquistas dos homens com a criatividade e flexibilidade que permitissem aos jovens abandonar o caminho adulto das certezas e dos resultados obtidos em busca de novas conquistas, novas construções, novos bens culturais? Ou seja, como harmonizar a conformidade com o anticonformismo? O conhe-* Pesquisador/CNPq, co-responsável pelo Grupo de Pesquisa "O Potencial Pedagógico da Teoria Crítica" (UFSCar/Unimep).