Não obstante, pode-se dizer que esta viagem de Barr à Rússia soviética foi um marco para o contato entre o ocidente e a arte de vanguarda russa, em especial para nós, com a arte de Rodchenko. Embora tenha muito mais nuances do que poderíamos aqui detalhar, a mediação institucional do MoMA nestas primeiras décadas de sua existência deixou marcas na relação entre a crítica e as obras de Rodchenko 6 . Não apenas Dickerman, como antes dela também Douglas Crimp, havia chamado a atenção para o tratamento expositivo dado pelo museu nova-iorquino a estas obras, que as destacava de seu âmbito sócio-político mais abrangente.Segundo Crimp, um golpe duplo teria sido desferido nesta vanguarda ao ser incorporada naquele museu. Em primeiro lugar, a própria presença desses objetos -muitos dos quais concebidos para serem utilitários -, dentro de um museu de arte seria uma capitulação frente a todo o processo de crítica da arte tradicional realizada nos anos de 1920. No MoMA, a vanguarda estaria no mesmo local institucional da arte que eles tentaram destruir; no mesmo pedestal burguês que eles pretenderam deslegitimar; as obras da vanguarda teriam sido "domesticadas" 7 . O segundo aspecto da conformação da vanguarda ao museu seria igualmente prejudicial à sua correta compreensão histórica, e diz respeito à fragmentação desta obra nos diversos rótulos das seções do MoMA. O caso de Rodchenko é exemplar, pois ele transitou por diversos meios, desde a pintura, a escultura, até o cartaz, a fotomontagem e a fotografia, e, como se verá a seguir, todas essas obras estavam interligadas dentro de uma experimentação visual mais abrangente. Crimp afirma que quando o museu separou a produção de Rodchenko em departamentos diferentes e estanques como 3. Cf. Alfred H.