Poder simbólico e fabricação de grupos: como Bourdieu reformula a questão das classes

Abstract

ResumoA reformulação da questão de classe empreendida por Pierre Bourdieu exemplifica os traços principais da sua sociologia e a maneira pela qual ele amplia, mescla e corrige visões clássicas num quadro próprio. O artigo revela a motivação existente por detrás dos deslocamentos conceituais-chave que Bourdieu efetua, de estrutura de classe a espaço social, de consciência de classe a habitus, de ideologia a violência simbólica, e de classe dirigente a campo de poder. Destaca também estudos recentes que investigaram, testaram e refinaram os princípios centrais do modelo de Bourdieu e oferece uma bibliografia das suas publicações sobre classe, documentando um duplo deslocamento, empírico e analítico, para uma sociologia da realização de categorias, o que evidencia o poder constitutivo das estruturas simbólicas.Palavras-chave: Pierre Bourdieu; classe; poder simbólico; formação de grupo. AbstRActPierre Bourdieu' s recasting of the question of class exemplifies the major features of his sociology and the way he extends, melds, and mends classical views into a distinctive framework. The article traces the impetus behind the key conceptual shifts Bourdieu effects, from class structure to social space, from class consciousness to habitus, from ideology to symbolic violence, and from ruling class to field of power. It also points to recent studies that have tried, tested, and refined the core tenets of his model and it offers a bibliography of Bourdieu' s publications on class documenting a twofold empirical and analytic shift towards a sociology of the realization of categories that spotlights the constitutive power of symbolic structures.

Os capitais no Século XXI: um diálogo crítico entre Thomas Piketty e Pierre Bourdieu

“…É fundamental também a concepção epistemológica de superar o dualismo entre subjetivismo e objetivismo em vias de compreender a realidade social como uma intersecção de elementos materiais e simbólicos, de modo explicitado por Bourdieu (2007b) em A economia das trocas simbólicas, no que pode ser considerado um relacionalismo metodológico sistemático (WACQUANT, 2013). A questão chave é que os capitais se referem a recursos de poder que atuam através de relações no campo social.…”

Entre a posição e as práticas: classes médias nas perspectivas de Erik Olin Wright e Pierre Bourdieu.

“…Para Wacquant (2013), a teoria do espaço social tem contribuído decisivamente para colocar o debate sobre classes sociais numa perspectiva relacional, visto que a realidade social é entendida por Bourdieu não como a soma de indivíduos ou grupos, mas como um conjunto de relações materiais e simbólicas. Tal compreensão a respeito da realidade social aproximaria Bourdieu das perspectivas de Marx e Durkheim (WACQUANT, 2013, p. 88).…”

A Problemática Sociológica Do Carisma

“…Um fundador tem, portanto, o poder simbólico de "fabricar grupos", como nos lembra, em outro contexto, Wacquant (2013). Partindo de uma compreensão da sociedade a partir de sua "alquimia sociossimbólica", ou seja, do modo através do qual um "construto mental" torna-se realidade social concreta 41 na forma de comunidades instituídas em forma de "vocação" ou "carisma".…”