2008
DOI: 10.1590/s0101-33002008000300006
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Abstract: Este artigo discute a articulação entre pobreza urbana e desigualdade social com base em estudos etnográficos realizados na cidade de São Paulo. Partimos da constatação de que estão em curso melhorias materiais entre a população considerada pobre, mas isso não afeta a reprodução das distâncias sociais. Por meio da comparação de três pesquisas etnográficas, propomos sistematizar e discutir alguns mecanismos sociais comuns que geram essa oscilação entre atenuação da pobreza e reprodução da desigualdade. Palavras… Show more

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“…Algumas pesquisas brasileiras (Almeida & D'Andrea 2004Almeida et al 2008;Ribeiro 2008;Andrade & Mendonça 2010;Andrade & Silveira 2013), em geral de caráter etnográfico, possuem feições muito interessantes no sentido de que propõem olhares pouco cultivados na América do Norte. Enquanto os estudos americanos formulavam suas questões em termos de "efeitos causais de um espaço homogeneamente 16 "As análises empíricas reportadas claramente mostram que a desigualdade socioeconômica é perpetuada por mecanismos operando no nível da vizinhança, contudo as trajetórias [pathways] específicas são talvez mais complexas.…”
Section: Segregação E Distância Social Em Algumas Pesquisas Qualitati...unclassified
“…Algumas pesquisas brasileiras (Almeida & D'Andrea 2004Almeida et al 2008;Ribeiro 2008;Andrade & Mendonça 2010;Andrade & Silveira 2013), em geral de caráter etnográfico, possuem feições muito interessantes no sentido de que propõem olhares pouco cultivados na América do Norte. Enquanto os estudos americanos formulavam suas questões em termos de "efeitos causais de um espaço homogeneamente 16 "As análises empíricas reportadas claramente mostram que a desigualdade socioeconômica é perpetuada por mecanismos operando no nível da vizinhança, contudo as trajetórias [pathways] específicas são talvez mais complexas.…”
Section: Segregação E Distância Social Em Algumas Pesquisas Qualitati...unclassified
“…Em se tratando do trabalho com trajetórias urbanas de moradores de periferias, como é o caso da pesquisa a movimentar este artigo, tais abordagens têm se mostrado muito profícuas no sentido de possibilitar cartografar (espacial e temporalmente) experiências urbanas ditas "marginais" (Feltran et al, 2012) ou "periféricas" (Almeida et al, 2008), revelando cidades outras: cidades feitas de deslocamentos, desenraizamentos, ajustes e ausências, mas também de relações, conexões, desejos e afetos, cuja multiplicidade de dimensões históricas, concepções em ato ou devires possíveis somente se dão a apreender a partir das narrativas dos sujeitos.…”
Section: Trajetórias E Cartografias: Dinâmicas De Produção E Apreensãunclassified
“…3. As periferias são encaradas não apenas no sentido físico e geográfico do espaço como designação dos limites das cidades e em relação dual com uma centralidade também ela geográfica, mas sobretudo nos termos de "situações periféricas", tal como proposto por Almeida et al (2008): não se trata de um "estado de exclusão", mas de contextos socioespaciais em que há "acesso precário a melhorias materiais e a recursos simbólicos". Como explicitam os autores a respeito do termo "periférico", trata-se do fato de "o 'foco' empírico estar na posição hierarquicamente inferior do espaço social, distante das centralidades da produção e reprodução de bens materiais e simbólicos com maior valor social" (Almeida et al, 2008, p.111).…”
Section: Notasunclassified
“…Faz-se importante, aqui, destacar que, embora a dimensão de gênero não tenha sido um recorte apriorístico da pesquisa, foi no curso de seu desenvolvimento (ou seja, uma consequência do seu próprio campo), e por meio das próprias questões que as trajetórias traziam à tona, que tal dimensão foi se fazendo presente, até o ponto em que todas as interlocutoras principais foram mulheres: de um lado, constatou-se a recorrência de deslocamentos habitacionais e trajetórias de busca por moradia entre estas mulheres das camadas populares; de outro, a reafirmação, por meio das narrativas, da centralidade da moradia nesses atravessamentos de gênero, ancorados em arranjos matrifocais que perpassam relações familiares ampliadas, conjugais, filiais ou mesmo de vizinhança. Para além das muitas camadas de vulnerabilidades recorrentes nessas trajetórias de mulheres em "situação periférica" (Almeida et al, 2009) -migrações interurbanas, violências domésticas na infância e adolescência, o trabalho precoce como empregadas domésticas e relações de obrigação para com patroas, a gravidez na adolescência, o abandono ou expulsão da casa da família, processos de subordinação e libertação da dependência masculina, a intermitência laborial em função de gravidezes e filhos, para citar algumas 18 -, os deslocamentos habitacionais e a contínua busca por moradia são, de fato, aquelas que aproximam todas as trajetórias femininas investigadas (e não apenas as quatro desdobradas em profundidade na tese): estão diretamente relacionadas aos diversos arranjos entre mulheres, sobretudo quando mães solteiras, para construir as mediações necessárias para a persistência na vida na cidade, dentre os quais destacam-se a coabitação feminina, o intercâmbio de tarefas domésticas, a circulação de crianças, ou as redes de informações, para citar algumas, e que vinculam sobremaneira as possibilidades de algum tipo de fixação (em termos de moradia) e o enfrentamento das incidências gestionárias do estado (mas também do mundo do crime) sobre suas vidas e, principalmente, de seus filhos.…”
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