RESUMO
INTRODUÇÃOAs relações econômicas atuais tornam os países interdependentes. Por isso, as crises que se iniciam em um determinado país podem alastrar-se para outros. A Grande Depressão, que ocorreu em 1929, estagnou a economia americana por anos, e demonstrou a fragilidade do sistema bancário e os riscos nele presentes, devido à assimetria de informação, o que indicou a necessidade de regulamentação financeira (FELIPPI, 2011). A partir da década de 1970, o modelo econômico keynesiano, que defendia a intervenção governamental, deu lugar ao modelo econômico neoclássico, que pregou uma ideologia neoliberal, com redução da participação do Estado e desregulamentação do mercado financeiro em busca da eficiência e autorregulação (BRESSER-PEREIRA, 2010). Com a crise financeira de 2008, tornou-se necessário a implantação de mecanismos mais eficazes de regulação e supervisão, como a consolidação das diversas agências regulatórias norte-americanas e europeias (FARHI; CINTRA, 2009).As crises bancárias têm reflexos nos balanços dos bancos, seja por uma crise de confiança dos investidores ou por insolvência bancária (FELIPPI, 2011), o que pode reduzir o crédito disponibilizado aos agentes econômicos, prejudicando a retomada do crescimento econômico. O crédito torna-se relevante em períodos de recessão, pois de acordo com Araujo e Cintra (2011), a concessão de crédito pode contribuir para minimizar os efeitos de uma crise financeira. O setor bancário, tomando e emprestando recursos para a sociedade, é fundamental para manter o adequado funcionamento dos fluxos financeiros da população, empresas e governo (BOTELHO, 2007).Neste estudo, o objetivo foi comparar a evolução do crédito concedido pelos bancos públicos e pelos bancos privados no Brasil antes e durante a crise, abrangendo os anos de 2002 a 2009. Para tanto foi analisado o comportamento do crédito nos bancos instalados no Brasil, de capital público e capital privado, tanto estrangeiro quanto nacional, nos anos em que o país enfrentou os efeitos da crise financeira, em comparação com os anos anteriores à crise, onde a atividade econômica encontrava-se estável. Durante o período da crise o governo brasileiro tomou uma série de medidas anticíclicas, visando à recuperação da atividade econômica (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2011), será verificado se dentre essas medidas, houve incentivo ao crédito através de bancos de propriedade governamental.