Um balanço crítico da "Década da Alfabetização" no Brasil

Abstract

Articuladamente à "Década das Nações Unidas para a Alfabetização" (2003-2012), vêm-se elaborando e implementando no Brasil políticas públicas de educação e de alfabetização, cujos resultados indicam tanto a ruidosa conquista de alguns avanços, quanto o agravamento de muitos problemas históricos. Dentre esses, destacam-se os decorrentes do silenciamento da discussão em torno do conceito restrito e rudimentar de alfabetização, no qual, em consonância com o modelo político neoliberal, fundamentam-se as políticas educacionais e correspondentes "sistemas de avaliação" de habilidades e competências de leitura e escrita, as quais se espera que os alunos aprendam e que são definidoras da função do professor como mero "provedor de estratégias" para essa aprendizagem. Com base nessa hipótese, apresentam-se, em tom de balanço crítico, reflexões sobre a "Década da Alfabetização", a fim de contribuir para a discussão de problemas e perspectivas para o ensino da leitura e da escrita no Brasil.

Avaliação externa nas classes de alfabetização no Espírito Santo

“…Reconhecemos que a área da avaliação integra discussões diversas, constitui campo de conflitos, disputas e interesses, contudo, nos situamos no contexto de discussão que concebe a avaliação para além da lógica da auditoria, do controle verticalizado, das políticas de meritocracia. Assim nos inserimos nesse debate em diálogo com autores como Esteban (2008Esteban ( , 2012, Freitas (2005Freitas ( , 2012, Gontijo (2013), Mortatti (2013) …”

A Influência Dos Organismos Multilaterais Internacionais Na Formação Das Políticas Brasileiras De Alfabetização

“…Como explica Mortatti (2013), muitos desses documentos constituem a consensual meta da qualidade da educação e da alfabetização escolar de crianças, pois "Ao longo da segunda metade do século XX, o objetivo de combater o analfabetismo tornou a alfabetização um direito que 'precede', como pré-requisito, o direito à educação e aos demais direitos humanos" (MORTATTI, 2013, p. 30). O direcionamento dessas propostas sugere, portanto, que uma vez solucionados os problemas com a alfabetização no país, os outros transtornos, como educacionais, sociais e políticos também estariam resolvidos.…”

“…De acordo com Mortatti (2013), ainda que a educação seja uma aspiração da sociedade letrada, especialmente a partir da Idade Moderna, é no campo das iniciativas mundiais dos meados do século XX que a educação é declarada como um direito humano a ser garantido a todos e um meio para promoção do respeito a todos os direitos e liberdades individuais. A alfabetização, nesse sentido, é declarada como uma "base" para a educação e para a aprendizagem ao longo da vida.…”

O Ensino De Psicologia Da Educação Nas Licenciaturas: Percepções De Licenciandos, Licenciados E Formadores

“…Após a expansão e o aumento dos programas de pós-graduação no Brasil, a partir do final do século XX, os problemas relacionados à educação brasileira entraram em destaque, tornando-se objeto de estudo de renomados pesquisadores e instituições de ensino superior. Problemas como: indisciplina, violência escolar, fracasso escolar, os sistemas de avaliação educacional, alfabetização, a formação de professores têm sido estudados em um esforço conjunto de vários pesquisadores por todo o país a fim de se entender e minimizar os problemas educacionais percebidos (MORTATTI, 2013). 1.…”

“…Buscamos desenvolver as reflexões até os dias atuais, ao englobar o surgimento da formação do profissional da educação, isto é, do professor e sua posição enquanto profissional no presente atrelada à política de formação docente-PIBID 3 (MORTATTI, 2013;BRASIL, DEB, 2013;BRASIL, 2016;FERNANDES, 2015), implementada no país como força de lei 4 a partir do ano de 2013.…”