A noção de testemunho está intimamente ligada à principal forma de ação do cristianismo sobre o mundo, a evangelização, sendo que, em certas experiências cristãs, evangelizar e dar testemunho se conformam como o mesmo ato. Conforme mostra Badiou (2009) ao tratar da importância do apóstolo Paulo, a transmissão das boas novas envolvia a atestação pública de determinado fato como verídico e histórico: a ressurreição do Cristo, fundamento da nova modalidade de culto que se distanciava do Judaísmo.A verdade acerca da vida e ressurreição de Cristo, retomada em inúmeros episódios neotestamentários como os relatos dos milagres, as chagas vistas por Tomé, a Ascensão após 40 dias, o episódio da Estrada de Damasco, as visões do Cristo glorificado no Apocalipse e, ainda com mais importância para a Igreja Primitiva, a transferência do Espírito Santo via imposição de mãos constituíam as principais experiências de evangelização do começo do cristianismo, que se expandia da Judéia e da Galiléia aos demais territórios romanos. Tais modelos inscritos na memória discursiva bíblica e das religiões cristãs têm gerado atualmente certa tipologia do testemunho, que geralmente destaca duas modalidades básicas: o exemplo, dentro da tradição católica, e os relatos pessoais acerca da conversão e da vivência de milagres, hoje relacionados com as denominações pentecostais.O objetivo do artigo é apresentar outra concepção de testemunho surgida no interior do catolicismo, o dom da parresia, que aparece em contraposição à atitude