Estudo anatômico da parede anterior do abdome em cadáver e hérnia de Spiegel

Abstract

OBJETIVO: Tentar correlacionar a hérnia de Spiegel com eventuais alterações anatômicas da parede anterolateral do abdome. Abordar as particularidades do estudo anatômico em cadáver, com destaque aos músculos oblíquo interno, transverso abdominal, aponeurose de Spiegel, linha semilunar e ao aparecimento de hérnias de Spiegel. MÉTODO: A parede anterolateral do abdome foi dissecada em 31 cadáveres frescos do Departamento de Patologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, sendo realizada nos dois primeiros cadáveres a dissecção unilateral e nos 29 restantes o estudo bilateral da parede abdominal, completando 60 dissecções. Considerando que operamos no Hospital São Luiz Gonzaga, da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, 13 doentes com 14 hérnias de Spiegel, pudemos correlacionar os elementos clínicos aos estudos anatômicos em cadáver. RESULTADOS: Defeitos encontrados nos músculos e aponeuroses: Oblíquo externo: 4/60 (6,6%) - Oblíquo interno: 6/60 (10%) - Transverso abdominal: 14/60 (23,3%). Disposição dos músculos em forma de feixes de fibras: Oblíquo interno: 10/60 (16,6%) - Transverso abdominal: 12/60 (20%). CONCLUSÕES: As variações anatômicas e os defeitos encontrados, durante as dissecções do oblíquo interno e transverso abdominal, não se acompanharam de hérnias de Spiegel no cadáver, já a gordura pré-peritoneal, dissecando as fibras da aponeurose de Spiegel e oblíquo interno, foi encontrada nas operações e nas dissecções, podendo representar uma relação entre os defeitos musculoaponeuróticos da parede anterolateral do abdome e a hérnia de Spiegel.

Aspectos ultrassonográficos e anatomia da aponeurose do músculo transverso do abdome

“…Juxtaposed muscle bands in the internal oblique and mainly in the transversus abdominis where found, with little fat tissue between the muscular fascicles, featuring areas of significant weakening of the muscles between the bands, as well as defects such as gaps in the aponeurosis of the transversus abdominis. The anatomical variations and defects found during dissections of the transversus abdominis and internal oblique, did not show evidence of Spigelian hernias in cadavers, but the preperitoneal fat, dissecting the fibers of the aponeurosis of the internal oblique and Spiegel, was found both in operations and dissections, which may represent a relationship between the muscular and aponeurotic defects of the anterolateral abdominal wall and the Spigelian hernia 13 .…”

“…T he study of aponeurosis of the transversus abdominis muscle is clinically important, since a failure in the fibers disposition of this aponeurosis may be responsible for the development of uncommon hernia, with difficult clinic diagnostic, called Spigelian hernia, which would be represented by the protrusion of a peritoneal sac and preperitoneal fat, due to a defect of this aponeurosis between the semilunar line and the lateral border of the rectus abdominis 13 . With the use of ultrasound, computed tomography 8, 27 and magnetic resonance 24 , the diagnosis of this disease has increased in recent years.…”

Hérnia de Spiegel: Relato de dois Casos

“…Recebeu esse nome em homenagem ao anatomista belga Adriaan van den Spiegel após detalhar as estruturas anatômicas como a linha semilunar, envolvidas nesse tipo de hérnia. 1,2 Seu pequeno e fibroso colo pode levar ao estrangulamento em até 30% dos casos e os órgãos que geralmente encarceram-se são: intestino delgado, cólon ou omento. 3 Além disso, já foram descritos encarceramento do estômago, vesícula biliar, ovário e apêndice.…”

“…4,5 Estas hérnias são de grande interesse para o cirurgião pelos vários diagnósticos diferenciais que se pode levantar e por não apresentarem sintomas característicos, podendo ainda ocorrer de forma intraparietal, sem massas evidentes à inspeção ou palpação. [2][3][4][5] As hérnias de Spiegel caracterizam-se por serem raras e com diagnóstico muitas vezes de exclusão, principalmente quando apresentam somente dor como sintoma. Na grande maioria dos casos, pode conter o intestino delgado, cólon sigmoide, cólon transverso, ceco, apêndice, ou divertículo de Meckel.…”

“…Na grande maioria dos casos, pode conter o intestino delgado, cólon sigmoide, cólon transverso, ceco, apêndice, ou divertículo de Meckel. [1][2][3][4][5] É considerado um defeito congênito ou adquirido, e quando adquirido, costuma se desenvolver durante a quarta e a sétima década de vida. 1,[5][6][7] O tratamento é fundamentalmente cirúrgico, tendo em vista o importante risco de obstrução e/ou estrangulamento do seu conteúdo e a abordagem atual baseia-se na herniorrafia sem ou com a colocação de tela.…”