Nesse artigo questionamos lógicas de produção curricular fundamentadas na compreensão de que o conhecimento disciplinarizado deve ocupar lugar central no currículo, que sustenta diferentes concepções de ensino. A partir da apropriação de aportes pósestruturalistas e pós-fundacionistas, com destaque para Ernesto Laclau, e pós-coloniais, com destaque para Homi Bhabha, defendemos que essa lógica contribui para que as diferenças culturais fiquem à margem da escola, no máximo subordinadas a uma cultura significada como a mais adequada à formação do cidadão, o que justificaria a condição de subalternidade das demais. A nosso ver, essa lógica se mantém arraigada nos discursos educacionais. Ela organiza as políticas eficientistas que têm aprofundado o controle sobre a escola, principalmente pelos mecanismos de aferição de desempenho dos resultados dos alunos. Dessa forma, contribuem para que a educação continue sendo reduzida ao ensino e que diferenças culturais não tenham voz no processo educacional. Assumimos a escola como entre-lugar em que múltiplas culturas circulam e afirmamos que elas precisam ser incorporadas aos processos escolares. aape epaa A construção do currículo escolar 2 Palavras-chave: currículo e cultura; diferença cultural; conhecimento escolar; políticas educacionais. The construction of the school curriculum: reflections about cultural difference Abstract: In this article we question patterns of curricular production which are based on the idea that structured knowledge must occupy a central position, when a curriculum supports multiple concepts of teaching. Using post-structuralist and post-functional research, highlighting Ernesto Laclau, and the post-colonials, especially Homi Bhabha, we defend that said logic contributes to keeping cultural differences outside of schools, overruled by a homogeneous culture considered more adequate to form citizens. In our view, this perspective is still common in discourses about education, and is responsible for policies that have deepened outside control over schools, especially through students' performances and results measuring mechanisms. Therefore, they play a part in reducing education to nothing beyond teaching, and in silencing cultural differences. We assume here that schools are in-between places where multiple cultures meet, and it is our statement that these cultures must be incorporated into school processes.