Identificação do Trypanosoma cruzi nos tecidos extracardíacos de portadores de miocardite crônica chagásica

Abstract

D urante a fase aguda da doença de Chagas sabe-se que os parasitos podem ser encontrados em quase todos os órgãos e em vários tipos celulares^. N o entanto, nas formas crônicas os parasitos se tomam muito raros nos tecidos e admite-se que eles só são por vezes encontrados no coração e, excepcionalmente, em fibras musculares do esôfago ou cólon4. Recen temente, Almeida, Teixeira e O liveira1 cham aram a atenção para uma flebite crônica na veia central da adrenal encontrada em 97% dos chagásicos crônicos, com a presença de formas amastigotas do T. cruzi, em 30% dos casos. Este achado levanta o problem a de se estamos diante de um a nova localização do parasito na infecção crônica pelo T. cruzi, ou se os parasitos de fato ocorrem em vários locais, não sendo encontrados porque não são procurados com suficiente insistência. O assunto tem importância muito mais que acadêmica, pois sua solução além de esclarecer sobre o tropismo e distribuição dos parasitos na infecção crônica, tam bém contribui para esclarecer se apenas o coração pode exibir uma reação peculiar à presença dos mesmos. P or este motivo, foi decidido se pesquisar a presença de formas tissulares do T. cruzi nos vários órgãos, em material de necropsia de indivíduos hu manos com miorcadite crônica chagásica compro vada. M A T E R IA L E M É T O D O SA té fins de 1982 existia nos arquivos do Hos pital Professor Edgar Santos da Universidade Federa da da Bahia, um total de 4.900 autópsias, das quais 556 casos de miocardite crônica difusa. Destes úl timos casos, 84 foram comprovados pelo encontro de ninhos de am astigotas do T. cruzi no coração, durante o exame rotineiro das secções histológicas. Vinte destes casos foram então escolhidos ao acaso para o exame detalhado das secções histológicas coradas pela hematoxilina e eosina, representativas dos diversos órgãos. Além disso, blocos de vários órgãos de alguns destes casos foram recortados escalonadamente, e tomaram-se cinco secções de cada um deles, as quais foram coradas também pela hematoxilina e eosina e examinadas detidamente. F oram registrados, além da presença dos parasitos, quaisquer outras alterações histológicas porventura presentes. D os prontuários arquivados foram retirados os dados clínicos e de necropsia. R E S U L T A D O SA idade média dos pacientes dos casos obser vados era de 43 anos ( ± 14,5); o mais jovem tinha 17 anos e o mais idoso 66 anos. A série de casos compunha-se de 16 homens (80% ) e quatro mulheres (20%).Todos os pacientes faleceram devido a insu ficiência cardíaca crônica progressiva e havia evi-123

The pathogenesis of Chagas' disease: when autoimmune and parasite-specific immune responses meet

“…Several studies have demonstrated that T. cruzi parasites or antigens can be found, although rarely, in individuals with chronic infection (Barbosa Jr andAndrade 1984, Jones et al 1993, Palomino et al 2000). However, the analyses of human heart fragments have failed to show a correlation between intensity of inflammation and of parasitism, even with the use of highly sensitive techniques, such as PCR or immunohistochemistry (Palomino et al 2000, Olivares-Villagomez et al 1998.…”

“…Vianna described that the intensity of inflammatory response observed in hearts of individuals with chagasic cardiopathy was not proportional to the degree of tissue parasitism. More importantly, in CChC patients, rare parasites are also found in other organs free of significant inflammation, whereas in the myocardium, they are found associated with chronic inflammatory response and fibrosis (Barbosa Jr andAndrade 1984, Mortara et al 1999). This has also been observed in the mouse model of CChC (Buckner et al 1999).…”

“…These observations lead the authors to the conclusion that an anti-T. cruzi response was responsible for the destruction of the heart transplant. Thus, in some mouse models, parasite-specific immune responses seem to be the only cause of CChC (Tarleton et al 1997), whereas this does not seem to be the case in other mouse models (Ribeiro-dos-Santos et al 1992, Buckner et al 1999) and in human beings (Barbosa Jr andAndrade 1984, Mortara et al 1999). …”

Immunopathology of Chagas disease

“…Transition to chronic cardiac form probably occurs through disappearance of, or interference with, suppressive factors. Therefore, both parasites and heart tissue appear to be important to explain diffuse and progressive inflammatory lesions of the cardiac form, since parasites outside the heart will continue to induce focal reactions only (Barbosa & Andrade 1984). The factors responsible for the transition from the indeterminate to the chronic, progressive stage of Chagas disease remain to be elucidated.…”

Myocardial parasite persistence in chronic chagasic patients.

“…11 The use of these modern approaches in the detection of T. cruzi has made it easier to detect lesion-associated parasite persistence in chronic chagasic patients, which is demonstrable only in 30% of the cases by routine microscopic analysis. 12,13 The present paper deals with the persistence of T. cruzi in the myocardium of chronic chagasic patients using routine methodology, as well as endomyocardial biopsies (EMBs) performed on 18 untreated patients and on 10 patients at different times after treatment, using histopathologic, immunohistochemical (peroxidase-anti-peroxidase [PAP]), and molecular (polymerase chain reaction [PCR]) techniques.…”