Este estudo teve como objetivo relatar o caso de uma mulher de 26 anos, parda, solteira, moradora de rua e usuária de drogas, com idade gestacional de 35 semanas, não realizou o pré-natal ou obteve qualquer assistência médica durante a gravidez, atendida no serviço de urgência de instituição de referência materno-infantil de Belém em trabalho de parto, onde foi atendida e submetida a parto cirúrgico, dando à luz a gêmeas bivitelinas. Devido ao perfil clínico das nascidas, foi realizada investigação para Toxoplasmose Congênita ainda no hospital. Em ambas se detectou soropositividade dos anticorpos IgM e IgG anti-Toxoplasma gondii (T. gondii) nos primeiros dias de vida. Após o diagnóstico, foi instituída a terapia específica e ambas foram encaminhadas ao centro de referência para a infecção em Belém, onde iniciaram acompanhamento com 2 meses de idade. As gêmeas seguiram rotina de investigação para a doença, que incluiu fundoscopia, realizada ainda nos primeiros meses, tomografia computadorizada de crânio aos 7 meses e eletroencefalograma com 1 ano de vida. Este relato mostra uma situação rara de Toxoplasmose Congênita acometendo duas gemelares dizigóticas. Fatores como a condição materna, virulência da cepa envolvida e/ou o inóculo parasitário podem ter contribuído para o comprometimento sistêmico de ambas em diferentes graus. Medidas de prevenção em todos os níveis são de suma importância para reduzir o risco de ocorrência de casos como este, assim como suporte adequado após o nascimento permitem minimizar as sequelas da infecção.