Características da gravidez na adolescência em São Luís, Maranhão

Abstract

OBJETIVO: Identificar as principais características socioeconômicas, demográficas, antropométricas e comportamentais, bem como os resultados perinatais da gravidez na adolescência. Conhecer os tipos de serviços de saúde utilizados pelas gestantes adolescentes. MÉTODOS: A amostra de 2.429 partos de mulheres residentes em São Luís, MA, abrangeu 94% dos nascimentos hospitalares. As mulheres foram separadas em seis grupos de idade para melhor avaliação do comportamento das variáveis entre os dois grupos de adolescentes (abaixo de 18 anos; 18 a 19 anos) e entre as adolescentes e as demais mulheres. O teste do qui-quadrado foi utilizado para a comparação de proporções e a razão de prevalências foi empregada como medida de efeito. RESULTADOS: Das 2.429 mulheres, 714 eram adolescentes (29,4%). Seu coeficiente específico de fecundidade, 72,2 por mil, foi mais elevado que em outras regiões do País. As adolescentes apresentaram piores condições socioeconômicas e reprodutivas que as demais mulheres, maior proporção de pré-natal inadequado (39,2%) e muitas não tinham companheiro (34,5%). Por outro lado, tiveram menor proporção de parto cesáreo (23,0%) e de fumantes (3.5%). CONCLUSÕES: Apesar da situação socioeconômica igualmente desfavorável, as adolescentes de 18 a 19 anos apresentaram resultados perinatais semelhantes às mulheres de 25 a 29 anos. Já as menores de 18 anos tiveram maiores proporções de filhos com baixo peso ao nascer, prematuros e com maior risco de mortalidade infantil. Isto sugere que a imaturidade biológica possa estar associada a maiores taxas de prematuridade, baixo peso ao nascer e mortalidade infantil.

Is adolescent pregnancy a risk factor for low birth weight?

“…A greater proportion (29.4%) was detected in the municipality of the city of São Luís, 21 also a capital city in the Brazilian Northeastern, in a population study conducted in 1997/1998. The rates observed in Brazil are higher than those of developed countries even when considering the types of investigation, the population structures, the behavioral patterns and the year of the study.…”

“…In the United States, there has been a 24.0% reduction in the rate of pregnancies among women aged ten to 19 years since 1990, with a rate of 8.7% being reached between 1995 and 2000. 8 The occurrence of unfavorable outcomes among adolescent mothers is attributed to biological immaturity, especially regarding low weight 21 and preterm birth. 7 Recent data from the United Kingdom indicate that the rate of small for gestational age babies born to adolescent mothers who were still growing did not differ from that of adult women and that these mothers gave birth to heavier babies and to a greater proportion of large for gestational age babies.…”

“…Although biological immaturity can be considered to be a factor predisposing them to unfavorable pregnancy outcomes, 4,7,21 differences in the frequency of these outcomes are observed when socioeconomic factors are considered. In the city of Ribeirão Preto, Southeastern Brazil, adolescent mothers from the underprivileged class had greater proportions of unfavorable outcomes than mothers of the upper social class and the latter, in turn, had proportions of these outcomes similar to those of adult mothers.…”

“…Higher percentages of LBW are observed in children of adolescent mothers, as was the case in the city of São Luís, Northeastern Brazil, 1997/98, with 13.2% and 11.7% rates among mothers < 18 and 18 to 19 years old, respectively. 21 The incidence of LBW among adolescents is more than double that in adult women, and neonatal mortality (zero to 28 days) is approximately three times higher, increasing the risk of morbidity-mortality during the fi rst year of life. 2 According to Strobino et al, 22 three different hypotheses can be raised to explain higher LBW rates among children of adolescent mothers in the United States: social disadvantage, biological immaturity and unhealthy behavior during pregnancy.…”

Idade materna e mortalidade infantil: efeitos nulos, biológicos ou socioeconômicos?

“…Utilizando dados de hospitais e maternidades do município de São Luiz do Maranhão, Simões et al (2003) encontraram evidências de que filhos de mães com idade inferior a 18 anos apresentavam maiores chances de nascerem prematuros, com baixo peso e de morrerem antes de completarem o primeiro ano de vida, em comparação com os filhos de mães de idades de 18 e 19 anos e com características socioeconômicas semelhantes às primeiras. Estudo de Silva et al (2003), também empregando dados de registros hospitalares do município de São Luiz do Maranhão, mostrou que, mesmo após o ajuste por variáveis de confundimento, como renda familiar, status marital e parturição, as chances de ocorrência de nascidos vivos pré-termos para filhos de primíparas menores de 18 anos se mantiveram significativas.…”