A proposta da Iniciativa do Hospital Amigo da Criança (IHAC) tem sua origem, em 1990, através do Fundo das Nações Unidas pela Infância (UNICEF) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de promover o aleitamento materno (AM) (1) . É sabido, no entanto, que vários elementos como a cultura, a história familiar e pessoal, a insegurança e a desinformação podem interferir e comprometer esta prática (2) . Assim, tendo em vista o recebimento do título de HAC por uma instituição do extremo sul do país em abril de 2002, optamos por conhecer se a prática de seus profissionais de saúde, na percepção de mulheres, favoreceu sua decisão de aleitar seus filhos nascidos nesta instituição.
Iniciativa do Hospital Amigo da Criança -IHACO objetivo básico da IHAC consiste na mobilização de profissionais de saúde e funcionários de hospitais e maternidades para mudanças em rotinas e condutas, visando prevenir o desmame precoce. Os motivos que levaram a OMS e o UNICEF a fazer opção por atuar junto aos hospitais se devem aos fatores envolvidos no desestímulo à amamentação, relacionados com informações insuficientes e práticas inadequadas atribuídas à unidade de saúde e ao profissional de saúde. O conjunto de medidas para atingir as metas contidas na Declaração de Innocenti, foi denominado de "Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno", elaborado por um grupo de especialistas de saúde e nutrição de vários países. Para receber o título de Hospital Amigo da Criança (HAC), as instituições são submetidas a avaliações, tendo com critério o cumprimento global de 80% de cada um dos dez passos para o sucesso do AM (3) . Os hospitais credenciados como Amigo da Criança, uma vez qualificados, passam a atuar como local de treinamento de equipes multiprofissionais da área da saúde, passando a ser reconhecidos como centros de "referência em aleitamento materno" em nível local ou regional. Esses hospitais, também, caracterizam-se por garantir a continuidade da lactação de forma exclusiva nos primeiros seis meses dentro e fora da instituição, ou seja, diferenciam-se por ofertar condições para que a puérpera tenha o direito a amamentar, a acompanhamento adequado, à orientação e informações necessárias para o sucesso do AM(1) .
Aleitamento MaternoAs vantagens do AM para o bebê são inúmeras (2,4) . O processo vivenciado pela mulher, no entanto, envolve não somente sua vontade e decisão de amamentar, mas também a revisão de seus papéis sociais e o equilíbrio familiar. A cultura familiar se faz presente na prática do AM, influenciando a mulher com seus conhecimentos. Na decisão da mulher de aleitar seu filho, além de sua história e cultura familiar, destaca-se ainda a importância de um familiar, significante no processo, ser preparado pelo profissional/ instituição de saúde para participar do AM (5) . É preciso, então, que a mulher seja vista como um todo, um ser integral e singular. Dessa forma, valorizar suas experiências assim como sua realidade e expectativas frente ao ser mulhermãe podem influenciar no sucesso da prática do AM (6) ....