Valor preditivo do teste tuberculínico padronizado em crianças vacinadas com BCG*
The predictive value of the standard tuberculin test in BCG-vaccinated childrenGilberto Ribeiro Arantes** ARANTES, G.R. Valor preditivo do teste tuberculínico padronizado em crianças vacinadas com BCG. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 26: 264-8 , 1992. A aplicabilidade do teste tuberculínico em crianças menores de 5 anos vacinadas com BCG é assunto controvertido. Visando contribuir para esclarecê-lo foi analisado o valor preditivo positivo do teste tuberculínico padronizado em população sob elevada cobertura vacinal e baixa prevalência de infecção tuberculosa. A partir da proporção de reatores fortes em lactentes e escolares vacinados e não vacinados, foram calculadas a razão de declínio da alergia tuberculínica nos vacinados e a razão de crescimento nos não vacinados, o que possibilitou a estimativa dos respectivos valores nas idades intermediárias. A expectativa de falsos-positivos (FP) foi então calculada por diferença. Conhecidas a sensibilidade e a especificidade do teste (E=1-FP), a cobertura BCG e a prevalência de infecção, os valores preditivos (para a infecção tuberculosa) foram: 1,52%, 4,22%, 8,26%, 14,86% e 23,00%, do primeiro ao quinto ano de vida. Nessas condições, a probabilidade de uma reação forte ser devida ao BCG é grande, especialmente nos dois primeiros anos, o que reduz a aplicabilidade clínica e epidemiológica do teste.Descritores: Teste tuberculínico, normas. Valor de predição dos testes. Vacina BCG. Tuberculose infantil, epidemiologia.
IntroduçãoEstudos epidemiológicos realizados na década de 50 demonstram que a quimioprofilaxia com hidrazida é muito eficaz no sentido de diminuir o risco de complicações extra-pulmonares da primo-infecção tuberculosa, inclusive nos assintomáticos que apresentam determinadas alterações ao exame radiológico do tórax 15 .A identificação da primo-infecção tuberculosa assintomática, na ausência de contato conhecido com uma fonte bacilífera, era efetuada pelo uso rotineiro do teste tuberculínico nos primeiros anos de vida ; e a indicação de quimioprofilaxia ou de tratamento era decidida pelo exame radiológico.Com a introdução da vacina BCG intradérmica, no calendário oficial de imunizações, diminuiu sensivelmente a necessidade da quimioprofilaxia, uma vez que a vacinação leva aos mesmos resultados, embora agindo por mecanismo diverso; além do mais, devido à indução de alergia tuberculínica relativamente intensa e duradoura , a vacinação em larga escala comprometeu seriamente a utilização do teste tuberculínico tanto em clínica individual como em saúde pública, a ponto de constar no Manual de Normas Técnicas da Divisão Nacional de Pneumologia Sanitária do Ministério da Saúde , que "nos vacinados com BCG a prova tuberculínica perde seu significado".Contrastando com esse ponto de vista, entendem outros que, sendo a alergia pós-vacinal menos expressiva nas crianças vacinadas no primeiro mês de vida, em comparação com a hiperergia que caracteriza a tuberculose primária, o teste não teria per...