Resumo: Neste ar go, pretendo abordar a circulação de substâncias, com ênfase no sangue (tuguy), entre as mulheres kaiowa e guarani em Mato Grosso do Sul. Com essa abordagem, é possível pensar uma rede de relações que compõe o corpo e a pessoa kaiowa e guarani, a par r da menstruação como um marcador etário na vida das mulheres e suas relações com as intervenções do Estado. Para isto, valho-me de duas experiências etnográfi cas. A primeira trata-se de um ritual de primeira menstruação de uma menina kaiowa que pude acompanhar na Terra indígena Panambizinho em Dourados, MS, em 2014; a segunda refere-se a dois acompanhamentos de que par cipei, enquanto indigenista na Fundação Nacional do Índio (FUNAI), de acolhimento arbitrário de crianças indígenas, um na Reserva de Dourados e outro em Panambizinho. Um dos acompanhamentos tratava-se de uma situação específi ca em que o estatuto geracional pós-menarca foi ques onado pelo Estado, contrariando o discurso dos envolvidos. Dessa forma, a par r da refl exão junto a outros dados etnográfi cos, etnografi as sobre os Kaiowa, Guarani e Mbya e refl exões sobre redes e relações entre os ameríndios, busco analisar essas situações etnográfi cas apresentadas e colocá-las em conexão para pensar ritual, intervenção e os conhecimentos mobilizados sobre o sangue como caminho para o "feixe de relações" que é o corpo e a pessoa kaiowa e guarani. Palavras-chave: sangue; mulheres Kaiowa e Guarani; ritual; redes de relação; intervenção.
Abstract:In this ar cle I intend to approach the circula on of substances, with emphasis on blood (tuguy), between Kaiowa and Guarani women in Mato Grosso do Sul. With this approach it is possible to think of a network of rela onships that 1 Este ar go foi inspirado pelo curso Redes e Relações Ameríndias, ministrado pela Profa. Dominique T. Gallois, no PPGAS/USP, em 2016, e teve uma primeira versão dos dados apresentada no I Seminário de Polí cas Etnográfi cas em Pesquisas Indígenas na mesa "Etnologia Indígena, indigenismo e sen dos da etnografi a", na FCH/UFGD, 2016. Agradeço as contribuições e observações elaboradas nestas ocasiões.