O artigo busca descrever, compreender e interpretar o caso observado de uma jovem portadora de teratoma ovariano maligno, internada em hospital do câncer na cidade de Belém, estado do Pará. A jovem foi desenganada diante do diagnóstico da doença, mas sua mãe agarrou-se na "fé em Deus", pois "Ele opera milagres", dizendo que dela retiraram "coisa feia", cheia de dentes, cabelos e gorduras, que não sabia inteiramente explicar, mas que "Jesus cura". A mãe, evangélica, mantinha a Bíblia na enfermaria, orando em voz alta diante do leito da menina. Aos poucos, amenizou-se a gravidade do caso, deixando perplexo o saber biomédico, diante do reconhecimento de outras buscas de cura, como através da oração, que levou aquela jovem a sair de alta hospitalar. Esse episódio, observado atentamente pela coautora deste artigo, permite uma discussão que transcende o âmbito da biomedicina, do ponto de vista a ntropológico, especialmente no campo da chamada "eficácia simbólica", em que xamanismo e psicanálise podem ser chamados para conferir sentido a esse drama, cujo desfecho mostrou-se favorável para a jovem e sua mãe, até o ponto que foi possível observar.