Pesquisa em redes estratégicas: descobertas e reflexões etnográficas

Abstract

Redes estratégicas de fornecedores vêm sendo implantadas, principalmente por grandes empresas européias e norte-americanas, em diversos países nos últimos anos. Teorias correspondentes têm sido transferidas para esses países e a pesquisa internacional, encorajada. Entretanto, o modelo teórico dominante tem se mostrado pouco útil para gerência local e para pesquisa acadêmica, pois reproduz um modelo estático, centralizador e universal de estratégia. Mais especificamente, apresenta três problemas principais: a) simplifica a dimensão processual de decisões estratégicas; b) marginaliza a voz e a realidade dos gerentes das redes; e c) desconsidera a dimensão cultural em processos gerenciais e organizacionais. O autor deste artigo desenvolve um tipo de abordagem particular da etnografia para pesquisa em redes internacionais. Dessa forma, é descrita uma pesquisa internacional em decisão estratégica, realizada no Brasil quando o pesquisador estava vinculado a uma escola de administração na Inglaterra. Em seguida, são descritas as principais descobertas de pesquisa e a importância da abordagem desenvolvida para a construção de teorias realistas e relevantes na área. Finalmente, o autor desenvolve reflexões críticas sobre pesquisa internacional e sobre como a aproximação entre antropologia e management pode ser explorada por pesquisadores culturais no Brasil. Alexandre Faria PUC-PR ABSTRACT In the last years strategic supply networks have been built, mainly by large organizations from US and Europe, in several countries. Corresponding theories have been transferred to those countries and international research has been encouraged. However, the prevalent theory has been pretty useless to local management and research because it reproduces a static, centralized and universal model of strategy. More specifically it carries three major problems: (a) oversimplification of the processual character of strategic decisions; (b) marginalization of the voice and reality of network managers, and (c) neglect of the cultural dimension in managerial and

Management control systems: universal practices or national practices?

“…Many forms of disqualification of local production and a strong foreign influence in the training of the authors themselves feed a process that seems to be self-induced, reinforcing a post-colonial theory main concern: the possibility of thinkers from excluded environments to use their space to voice the theory they themselves are excluded by (Caldas and Alcadipani, 2003). This proposition is supported by the ideologist interpretation of the Brazilian "jeitinho" that camouflages and helps to reproduce political-economic practices, creating fake and convenient impressions of normality and superiority on the one hand and an exotic and inferior impression on the other (Faria, 2003).…”

“…The process of rationalisation and bureaucratisation that can be observed in the practices that constitute the evaluation process in Anthony's model reflect a culture dominated by a knowledge-based elite that employs context-independent management control techniques that support property rights as the ultimate authority over the means of production (Armstrong, 2002) and an organisational ideology of modernity that defines the relevant problems and the "one best way" to treat and solve them (Ibarra-Colado, 2006). An "epistemological decolonisation" process would make evident that those evaluation systems that are supposed to be neutral are actually based on North-American values and that practices preferred by those cultures that embrace other values should not be considered exotic or inferior (Faria, 2003) but alternative ways of evaluation.…”

“…This evaluation is especially important in control systems, which are supposed to influence behaviour. Ethnographic studies may be considered a good option in order to steer clear of the dominant discourse (Faria, 2003).…”

Estudos etnográficos em administração no Brasil: uma nova construção teórica?

“…Utilização e ideias de caráter antropológico ao moldar e refletir os processos de mudanças bem como criar um método pedagogo com o objetivo de desenvolver o gestor como um antropólogo. Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Linstead (1997) Nos estudos etnográficos brasileiros, os trabalhos de Barbosa (2003), Mascarenhas (2002) e Faria (2003), discorrem sobre o modo como este tipo de coleta pode contribuir para o campo da Administração e especificaram caminhos nos seus estudos, indo ao encontro do que dispôs Linstead (1997). Corroborando com os autores, Berg e Upchurch (2007) e Van Maanen (2006), tratam que a etnografia está preocupada com o estudo das interações sociais e da cultura que retoma a perspectiva naturalista através dos paradigmas humanísticos, interpretativista e hermenêuticos.…”

“…Ao findar as análises sobre as técnicas de coletas de dados, é importante salientar que apenas um artigo utilizou como técnica juntamente da observação participante a aplicação de questionários com perguntas abertas sendo este o estudo de Cavedon (2010) intitulado: "De frente pro crime": cultura organizacional e socialização dos peritos ingressantes no departamento de criminalística do instituto geral de perícias do Rio Grande do Sul. Outra técnica de coleta de dados que foi utilizada somente uma vez foi a utilização de dados secundários na pesquisa etnográfica que foi abordada por Faria (2003) com o artigo intitulado "Pesquisa em redes estratégicas: descobertas e reflexões etnográficas".…”