ResumoConsiderando que as formas de sentir e expressar a dor são regidas por códigos culturais e tal sentimento se constitui a partir de significados conferidos pela coletividade, esse estudo etnográfico buscou compreender os sentidos e significados da dor de parto para mulheres indígenas da etnia Bororo. Pesquisa desenvolvida no primeiro semestre de 2015, em Córrego Grande, aldeia localizada no município de Santo Antônio do Leverger/MT, por meio da observação participante, entrevistas e estudos bibliográficos adotando-se como referencial teórico a Antropologia da Saúde. A manifestação da dor de parto ou sua ausência, como no caso das mulheres Bororo, está intimamente relacionada ao aprendizado sociocultural que se inicia ainda na infância. O parto apresentou-se como momento oportuno para que as mulheres Bororo reafirmassem a força que possuem demonstrada no silêncio e resignação durante todo o trabalho de parto, diferentemente da sociedade brasileira no seculo XXI, em que a dor possui caráter trágico e tem sido cada vez mais combatida com analgésicos e anestésicos. A população Bororo compreendem essa dor como processo natural que deve ser conduzido sem interferências ou medicação alopática. Conclui-se que é importante para os profissionais da saúde tentar compreender os aspectos socioculturais envolvidos na dor de parto para além da compreensão biomédica, oportunizando cuidado diferenciado de acordo com as necessidades e especificidades das mulheres e famílias atendidas. Whereas the ways to feel and express pain are governed by cultural codes and this feeling is from meanings conferred by the community, this ethnographic study aimed to understand the meanings of labor pain for indigenous women of the Bororo ethnic. Research conducted in the first half of 2015 in Great Stream, the village located in Santo Antonio of Leverger city/MT, through participant observation, interviews and bibliographical studies adopting as theoretical framework the Anthropology of Health. The manifestation of labor pain or lack thereof, as in the case of the Bororo women, is closely related to socio-cultural learning that begins in childhood. Childbirth was presented as the appropriate time for the Bororo women reaffirm the strength that have demonstrated in silence and resignation throughout labor and delivery, brazilian society of the XXI century in which pain has tragic character and has been increasingly combated with analgesics and anesthetics. Bororo's population understand this pain as a natural process that should be conducted without interference or allopathic medication.. It concludes that it is important for health professionals to try to understand the social and cultural aspects involved in the delivery of pain beyond the biomedical understanding, providing opportunities for differentiated care according to the needs and characteristics of women and families served.
Palavras-chave: