INTRODUÇÃO
Múltiplas facetas do diabetes: etiopatogenia, sintomatologia e epidemiologiaO primeiro caso de diabetes foi constatado no Egito em 1500 a.C., como uma doença desconhecida. A denominação diabetes foi empregada pela primeira vez por Apolônio e Memphis em 250 a.C.. A palavra diabetes tem origem no grego e significa sifão, ou seja, tubo para aspirar a água. Esse nome foi dado devido à sintomatologia da doença, que provoca sede intensa (polidipsia) e grande quantidade de urina (poliúria). O diabetes só adquiriu a terminologia mellitus no século I d.C. A palavra mellitus, em latim, significa mel, logo a patologia passaria a ser chamada de urina doce (GAMA, 2002).O diabetes mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou incapacidade do pâncreas na produção de insulina que exerça adequadamente seus efeitos (BRASIL, 2002). Seu aparecimento está associado à diminuição ou alteração de um hormônio protéico (insulina) produzido pelo pâncreas, órgão responsável pela manutenção dos níveis normais de glicose no sangue (SANTOS; ENUMO, 2003). Caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas.A hiperglicemia é a elevação da glicose (açúcar) no sangue acima da taxa normal de aproximadamente 60 a 110 mg%.Existem dois tipos de diabetes: diabetes mellitus tipo 1 e diabetes mellitus tipo 2. O presente estudo focaliza o diabetes tipo 1, que é uma das doenças crônicas mais comuns na infância e uma das que mais exigem adaptação nos âmbitos psicológico, social e físico, tanto por parte da criança como da família. Desenvolve-se também, com grande freqüência, em adolescentes, sendo, por isso, conhecido como "diabetes juvenil" (BRASIL, 2004). Trata-se de doença de etiologia auto-imune, que resulta primariamente da destruição de células beta-pancreáticas. Há diminuição progressiva da função secretora dessas células, que se traduz inicialmente pela perda da primeira fase da secreção de insulina e elevação gradual dos níveis glicêmicos (BLEICH et al., 1990; VARDI; CRISA; JACKSON, 1991). Há, assim, um período mais ou menos longo de "latência", de pouca expressão clínica, que pode preceder a eclosão da doença em vários anos (CESARINI et al., 2003).Nas doenças auto-imunes o sistema imunológico do paciente volta-se contra o próprio organismo, podendo afetar vários órgãos vitais, desencadeando quadros como artrites reumatóides, lúpus eritematoso sistêmico, esclerose sistêmica, dermatopolimiosite e vasculites. Ou, então, pode afetar apenas um sistema orgânico: diabetes mellitus tipo 1, esclerose múltipla, miastemia gravis, citopenias auto-imunes. Embora tenha havido enormes progressos no entendimento dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos nessas doenças, a etiologia da maioria delas permanece obscura, limitando o desenvolvimento de terapêuticas específicas (VOLTARELLI; STRACIERI, 2000).No estágio atual do conhecimento científico, não se sabe ainda o que causa a destruição das células produtoras de insulina do pâncreas ou o porquê do dia...