Diante da expansão e diversificação recentes do sistema de ensino superior brasileiro, este artigo discute as possíveis tendências à sua modernização e democratização. O artigo busca desenvolver questões fundamentalmente associadas aos valores socialmente atribuídos aos diplomas do ensino superior, principalmente na relação entre o domínio quase absoluto de uma visão patrimonialista sobre o ensino superior e o esgarçamento dos conteúdos científicos e (ou) pedagógicos associados aos diversos diplomas. O patrimonialismo aparece na preferência pelo bacharelado, em detrimento dos diplomas de licenciatura e tecnológicos, nas vocações socialmente marcadas, nos horários e turnos dos diferentes cursos e modalidades, no desinteresse pelas áreas técnicas e na pedagogia do cultivo. Mais ainda, o patrimonialismo aparece na dialética entre saberes e a força social dos diplomas. A possível instalação de um credencialismo radical no Brasil permite analisar a relação entre o domínio patrimonial e a cultura profissional, indicando os limites da democratização do sistema de ensino superior. Dulci (1983;2002) sobre os pactos das elites mineiras indicam que nem tão distintas são as faces diferentes desse grupo. Já na primeira metade do século XX, doutores e coronéis se davam muito bem na organização e regulação da vida social. "Os donos do poder" conhecem as regras do jogo social e as estratégias de convivência dentro desses quadros.No entanto, nas últimas décadas, como mostrou Carlos Benedito Martins (2006), formou-se, no país, um complexo campo acadê-mico, desenvolvendo-se um sistema de ensino superior relativamente ampliado e inclusivo. A matrícula desse sistema, em todos os seus níveis, passa de 1 milhão de estudantes em 1998 para, aproximadamente, 7,5 milhões em 2012, segundo o Censo do Ensino Superior do MEC. Tanto por essa expansão significativa da matrícula -que, mesmo assim, ainda nos deixa bastante distante dos níveis de participação atingidos em países desenvolvidos: 42% dos jovens entre 18 e 24 anos nos Estados Unidos em 2011 (dados do National Center for Education Statisitcs) contra os nossos atuais 15,10% de matrícula líquida em 2012 -quanto pela implementação de diversas políticas institucionais, principalmente as cotas, verifica-se uma entrada importante de estudantes negros e de oriundos das classes populares.Martins (2006 p. 1002) destaca o caráter global desses processos:Uma das tendências centrais do ensino superior contemporâneo, em escala internacional, diz respeito à ampliação do seu acesso, fenômeno que se iniciou a partir da segunda metade do século XX.Um conjunto de fatores tem contribuído para esse http://dx