A síndrome de Brown foi descrita por Harold Brown em 1950 e enquadra-se no grupo de estrabismos restritivos (1)(2)(3)(4) . É causada pela limitação de movimento do tendão do oblíquo superior através da tróclea, que ocorre por encurtamento do tendão ou inextensibilidade da bainha. Caracterizase por ortotropia ou hipotropia na posição primária do olhar, limitação ou ausência de elevação em adução, frequente depressão do olho em adução com anisotropia em V e dução passiva positiva na elevação em adução (3)(4)(5) . No princípio, Brown justificava a restrição do movimento pela perda da força do músculo oblíquo inferior, mas sabe-se, por estudos eletromiográficos, que a função deste está preservada (5) . Possui incidência de 1/500 estrábicos (3) , sem preferência de sexo e acometimento ocular unilateral em sua maioria (3)(4) . Pode ser classificada como congênita ou adquirida (ou secundária). Esta forma engloba os casos consecutivos a traumatismos, pregueamento cirúrgico do tendão (iatrogênica) ou por processo inflamatório adjacente. Neste caso, denomina-se sín-drome de Brown inflamatória, que pode ser ocasionada por alguma doença reumatológica, pansinusite, esclerite ou idiopática (3)(4) . Inflamações locais na órbita e doenças inflamatórias como artrite reumatóide e tenossinovite são as principais causas desse subtipo (5)(6) . O tratamento para estes casos inclui corticóides orais ou injeções de corticóide próximas à tróclea e abordagem da doença de base. A intervenção cirúrgica está indicada, caso haja posição viciosa da cabeça (desvio torcional) ou desvio em posição primária do olhar (3)(4)7) . Apresentaremos um caso de síndrome de Brown inflamatória confirmada clíni-ca e radiologicamente.
RELATO DE CASOPaciente de 44 anos, do sexo masculino, professor, natural e procedente do município de São Paulo, queixava-se de diplopia binocular vertical à dextroversão há sete dias, com duração de um dia, e que melhorava com a elevação do mento. No momento da consulta, encontrava-se assintomático.Referiu sintoma semelhante há quatro anos, com duração de três dias. Nega casos de estrabismo na família.Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual de 1,0/em ambos os olhos sem correção. Sua refratometria dinâmi-ca indicava + 0,25 dioptrias esféricas em ambos os olhos. Não apresentava anormalidades à biomicroscopia e fundoscopia. Na avaliação da motilidade ocular extrínseca, observou-se ortotropia em todas as posições do olhar, sem alterações no exame de duçõese versões. Adotou-se conduta expectante. O paciente foi orientado a retornar, caso o quadro clínico se repetisse.Após quatro meses, o paciente retornou referindo diplopia binocular há um dia. O exame da motricidade ocular apresentava-se com ortotropia na posição primária do olhar e hipotropia esquerda à dextroversão (Figura 1 A), com limitação de elevação e adução do olho esquerdo de -4 (Figura 1 B). Realizada a manobra de tentativa de elevação do globo ocular com RESUMO A síndrome de Brown enquadra-se no grupo de estrabismos restritivos e é causada pela limitação de m...