Currículo oculto, educação médica e profissionalismo: uma revisão integrativa

Abstract

O currículo oculto resulta das relações interpessoais vividas academicamente, extrapolando o currículo formal, podendo ser um facilitador e também um empecilho ao aprendizado. Essa revisão objetiva compreender a abordagem da temática na educação médica e sua relação com o profissionalismo. A revisão integrativa nos permitiu observar uma sobrecarga cognitiva e emocional do(a)s estudantes causada pelo currículo oculto. Todavia, constatamos como a educação médica tem trabalhado com a finalidade de reduzir esses prejuízos. Nesse sentido, é importante problematizar os modelos hegemônicos que influenciam valores, interesses, discursos, saberes e práticas ao longo da formação. Para isso, é fundamental o debate em torno de conceitos/ações como identidade, diversidade, inclusão, hegemonia, ideologia, poder e cultura, que pode ocorrer de forma longitudinal e integrada em unidades curriculares relacionadas às humanidades.

Reflexões das ações de engajamento estudantil no processo de construção da avaliação de um curso

“…Trata-se de um ponto fundamental, considerando o extenso debate acerca do currículo oculto nas escolas médicas. 10 O instrumento coletivo foi pensado de modo a incentivar o debate, com perguntas mais amplas, nas quais era solicitado que fossem citados exemplos dos aspectos elencados. As perguntas estão dispostas no quadro 2.…”

Percepções de estudantes de medicina sobre o ensino de profissionalismo: estudo quanti-qualitativo

“…A dificuldade deriva da noção de que o profissionalismo se estende ao longo de um contínuo do indivíduo (atributos, capacidades e comportamentos), através do domínio interpessoal (interações com outros indivíduos e com contextos) ao nível macro-societal, em que noções como responsabilidade social e moralidade residem (Hodges et al, 2019) O profissionalismo emergiu como um tema substantivo e sustentado tanto na medicina clínica bem como na educação médica. Apresentado em conferências e revistas de educação médica, a definição, operacionalização e a medição do profissionalismo tornaram-se grande preocupação para os envolvidos na educação e desenvolvimento de estudantes de medicina, bem como profissionais médicos (Santos et al, 2020) Nas últimas décadas, o profissionalismo se tornou uma questão central na educação médica e no cuidado com os pacientes, visto que ser um bom médico envolve mais do que apenas conhecimento dos padrões de competência da profissão. (Irby & Hamstra, 2016;Ziring et al, 2015, Saad et al, 2017.…”

“…(Byszewski et al, 2015) contexto do ensino de profissionalismo, especialmente associado à carreira médica. O currículo oculto resulta das relações interpessoais que se desenvolvem na esfera acadêmica, com destaque para aquelas que emergem de situações cotidianas e não se encontram estabelecidas no conjunto de saberes contemplados no currículo formal, é nele que se situa o vasto conjunto de experiências de formação educacionais e profissionais de forma não intencional, relacionadas principalmente ao desenvolvimento de valores e atitudes, podendo ser considerado como o "pano de fundo" do processo de aprendizagem (Santos et al, 2020) Destarte, são complexas as mudanças dos currículos para buscar aumentar a integração, identificar lacunas na oferta de ensino, e mudar de uma mentalidade de ensino didático para uma que aumente as oportunidades de aprender profissionalismo. (Saad et al, 2017) Ademais, seu ensino também é profundamente influenciado pelas atitudes e valores que um estudante traz da sua educação, formação escolar precoce e influência desse conjunto em geral (Adkoli et al, 2019) Portanto, observou-se que o profissionalismo médico costuma estar inserido na grade curricular de maneira implícita, podendo não ser assimilado de maneira consciente pelos discentes.…”

Saúde Mental nas Escolas Médicas: Trabalhando com Percepções de Acadêmicos de Medicina

“…Tal abordagem pode ser inserida dentro de disciplinas como saúde e sociedade, saúde coletiva, saúde mental, psiquiatria e prática médica. O treinamento prático de enfrentamento, assim como incentivo a maiores abordagens em cenários de saúde mental, incluindo práticas integrativas e desenvolvimento de narrativas de estudantes a partir da interação com os pacientes, são imprescindíveis para a redução do estigma sobre o transtorno mental (Benedetto & Gallian, 2018;Feijó et al, 2019;Santos et al, 2020;Touso & Figueiredo, 2020).…”