A autora toma duas questões como disparadoras de suas considerações neste texto: uma sobre as condições de participação das crianças pequenas na produção da cultura; outra sobre as políticas governamentais a respeito de cartilhas e livros didáticos. Rememorando vivências de ensino e pesquisa que envolveram professoras em formação e crianças na fase inicial da escrita há quatro décadas, ela compartilha aspectos de sua trajetória, ao narrar o trabalho pedagógico, realizado com uma turma de 1º ano, que teve por base a literatura infantil. As condições de confinamento escolar e restrição material na época de lutas e abertura política há 40 anos são colocadas em contraposição às condições do isolamento social e acelerada transformação tecnológica, concomitante ao retrocesso político e humanitário que vivenciamos nos tempos de pandemia. No movimento das transformações históricas e no enfrentamento dos desafios que continuamente se apresentam, o poder e a arte da palavra literária são relevados como lócus de elaboração e objetivação de afetos, sentimentos e pensamentos, potencializando a atividade criadora de professoras e crianças no contexto da escolarização formal.