Este artigo pretende analisar as jornadas de junho de 2013 na cidade de São Paulo, assumindo como perspectiva a definição de desespero elaborada por Bento de Espinosa (1632-1677) na parte III da Ética. A partir da ideia de que houve um sequestro da narrativa sobre as jornadas, o texto reconstitui a cobertura midiática dos quatro primeiros atos contra o aumento da tarifa do transporte público, ocorridos na cidade entre os dias 6 e 13 de junho. Em seguida, articula uma discussão a respeito das interfaces possíveis entre a filosofia prática de Espinosa e estes acontecimentos, evidenciando como, segundo certa interpretação, o desespero pode ser considerado o afeto predominante das jornadas, tendo como principal protagonista uma juventude organizada, combativa e crítica.