Resumo Esta pesquisa, de cunho etnográfico e embasada pelas premissas da Antropologia Digital, investigou as marcas da cultura que atravessam o debate sobre a situação de rua mediado pelas tecnologias digitais em uma página de Facebook. A página analisada, intitulada Rio Invisível, publica relatos de pessoas em situação de rua, usando o tom testemunhal. A etapa de observação participante contemplou a leitura de todas as publicações (posts e comentários) entre setembro de 2014 e março de 2020. Participaram do estudo o grupo realizador da página e 27 pessoas que costumavam comentar os posts. A pesquisa corrobora a noção de que o digital é permeado por ambiguidades pois observa-se, por um lado, um movimento de mudança de pensamento e atitude quanto à situação de rua e, por outro, o reforço de visões reducionistas ligadas à sensação de passar a conhecer alguém por meio de histórias publicadas na internet.