“…É verdade que se muitos dos "índios avilados" não tinham atividade regular e nisso se justificava o seu recrutamento para o trabalho compulsório, é possível encontrar indivíduos identificados como "tapuios" que já possuíam africanos escravizados no século XVIII, ou chegavam a ser classificados como negociantes na lista de culpados da Cabanagem, já no XIX. Da mesma forma, também é possível afirmar que alguns desses indígenas ocuparam de fato cargos como juiz, vereador ou oficiais no exército, não só durante o governo de Pombal, mas já no XIX (HARRIS, 2010;SAMPAIO, 2001;MACHADO, 2010;MACHADO, 2017, BRITTO, 2014. Tanta heterogeneidade nesse grupo fez Mark Harris relativizar a fixidez das identidades no Pará, chegando a afirmar que um indígena com posses podia se identificar e até mesmo ser encarado por outros como um branco (HARRIS, 2010).…”