Usuários de substâncias psicoativas: desafios à assistência de enfermagem na Estratégia Saúde da Família

Abstract

RESUMO Objetivo analisar a assistência de Enfermagem ao usuário de substâncias psicoativas na Estratégia Saúde da Família. Método estudo descritivo e qualitativo realizado com sete enfermeiros da Estratégia Saúde da Família de Juiz de Fora, Minas Gerais. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas guiadas por um roteiro semiestruturado e a Análise Temática de Conteúdo foi utilizada para o seu tratamento. Resultados a assistência prestada pelos entrevistados é pautada na demanda espontânea, sem estratégias de busca ativa, com a valorização de práticas orientadas pela medicalização da pessoa e o encaminhamento aos serviços especializados. A inclusão da família no processo de reabilitação, o atendimento imediato e o exercício da escuta terapêutica foram mencionados como estratégias que podem ser adotadas para uma assistência integral. Os desafios mencionados referiram-se à falta de formação em saúde mental, à fragmentação do conhecimento acerca da especialidade, à ausência de capacitações e ao desejo do paciente em participar do tratamento. Considerações finais e implicações para a prática os enfermeiros referiram um cuidado insuficiente para a garantia da integralidade da assistência permeado pela falta de conhecimentos e habilidades para lidar com esse público, o que leva ao encaminhamento para serviços especializados como principal intervenção, reforçando a necessidade de capacitação desses profissionais.

Fluxo De Ações Para Apoiar O Cuidado Do Enfermeiro À Usuários De Álcool

“…O preparo para lidar com prevenção e promoção da saúde devido sua formação centrada na doença (23,24) .…”

Atuação do enfermeiro da Estratégia de Saúde da Família no cuidado da pessoa que faz uso de substâncias psicoativas

“…Apesar disso, os enfermeiros têm percepção de que é possível tratar e acompanhar esse perfil de usuários (94%) neste nível assistencial; o que também foi afirmado por médicos e enfermeiros de atenção básica, na Espanha (COLOMA-CARMONA, CARBALLO, GONZÁLES, 2017). No entanto, assim como observado no presente estudo, autores apontam que existem fatores que interferem a realização da assistência a demandas de pessoa que faz uso de SPA neste serviço, como a falta de recursos humanos qualificados (falhas no processo de formação acadêmica, desinteresse em capacitar-se após a graduação, ausência de programas de educação permanente, a fragmentação do conhecimento acerca da especialidade e falta de prioridade da gestão da APS quanto à saúde mental, em especial a dependência química) (SILVA et al, 2013;DIAS et al, 2021;MILITÃO et al, 2022).…”

“…Esse despreparo ganha destaque na região Centro-oeste e Norte do Brasil, justificando a baixa incorporação de ações de cuidado em saúde (GERBALDO et al, 2018), que pode estar relacionado a falta de formação, capacitação, educação permanente, insegurança no manejo e sobrecarga de trabalho (SUBRINHO et al, 2018, FARIAS et al, 2019, MILITÃO et al, 2022.…”

“…Neste estudo, o acolhimento foi à prática mais referida como um fator que facilita a assistência à pessoa que faz uso de SPA na ESF. Esta prática foi mencionada em estudos realizados com enfermeiros como parte da conduta profissional a esta demanda (MILITÃO et al, 2022;BRITO et al, 2021;GUSMÃO, OLIVEIRA, ARAÚJO, 2020). Trata-se de uma tecnologia leve do cuidado, pautada em uma relação de diálogo, que tem como propósito proporcionar um espaço de conforto e confiança, de modo a despertar o desejo do paciente em compartilhar suas histórias de vida.…”

“…Este acolhimento, favorece a construção de vínculo, que é essencial para a elaboração do plano de cuidado (MILITÃO et al, 2022) e quando realizada de modo satisfatório, possibilita a compreensão do sofrimento psíquico da pessoa, assim como de suas necessidades.…”