“…Em estreito diálogo com as contribuições de Philip Abrams (1988) e Timothy Micthell (1999), tais análises têm voltado atenção para as práticas e os agentes que participam do trabalho contínuo, cotidiano e burocrático de produção do Estado. Assim, elas se têm desenvolvido a partir de pesquisas, de regra etnográficas, em torno da prisão e do encarceramento (Lago, 2020;Padovani, 2017), de lutas por justiça em contextos de violência e criminalização (Vianna e Farias, 2011;Lacerda, 2014;Efrem Filho, 2017a, 2017b e no interior de órgãos de Estado, como cartórios policiais, repartições judiciais, núcleos de defensoria pública, conselhos de participação social e instâncias de formulação e de execução de políticas públicas (Ferreira, 2013;Lowenkron, 2012;Nadai, 2012;Lugones, 2017;Veiga, 2018;Aguião, 2014;Freire, 2015;Paschoal, 2020;Feitosa, 2019). Contudo, essas mesmas análises também se vêm dedicando a perscrutar documentos, suas técnicas de formatação e estruturação e as relações de poder que os atravessam, reconhecendo que suas páginas, segundo notou Letícia Ferreira (2013), funcionam como espaços de tomada de posição e, mais do que registrar o que existe previamente, participam da configuração e do rearranjo daquelas relações de poder, incitando a produção de sujeitos de direitos e inclusive do que se chama de Estado.…”